Tempo e história: “como escrever a história da frança hoje?”
François Hartog**
A fórmula de Chateaubriand no prefácio dos seus Études historiques, “A França deve recompor seus anais a fim de harmonizá-los com os progressos da inteligência”, poderia figurar como epígrafe do Lieux de mémoire [Lugares de Memória] de Pierre Nora. Não, evidentemente, que a situação fosse a mesma, mas para Chateaubriand depois de 1830 assim como para Nora no início dos anos oitenta, tratava-se de partir de um diagnóstico sobre o presente e averiguá-lo. Para reconstruir “sobre um novo patamar”, dizia Chateaubriand, é necessário perguntar, inicialmente, o que “recompor” quer dizer no caso de Nora: “Como escrever a história da França hoje”1?
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Tradução de Ana Cláudia Fonseca Brefe. Artigo originalmente publicado na revista Annales ESC, 1995, no 6, pp. 1219 à 1236. Somos gratos ao autor por seus esclarecimentos relativos a esta tradução. Revisão de Cristina Meneguello. François Hartog é diretor de estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, e seus campos de pesquisa estão especialmente voltados para a historiografia e história intelectual, antiga e moderna. É autor, dentre outros, de Le XIX siécle et l’histoire:le cas Fustel de Coulanges, Premiers temps de la Grece - l’ Age de Bronze et l’epoque archaique, Miroir d’ Herodote- essai sur la presentation de l’ autre. Les Lieux de mémoire, III, Les France, I (1993). Paris, Gallimard, pp. 11-32. O presente artigo desenvolve