Sociologia da educação
Margaret Mead abordou essa questão em seu livro “Culture and Commitment” (1971), quando chamou de “pós-figurativas” as sociedades primitivas, nas quais esse aprendizado se faz sem sentir. “Uma cultura pós-figurativa é uma cultura na qual a mudança é tão lenta e tão imperceptível que os avós, segurando seus netos recém-nascidos no colo, não são capazes de imaginar para eles um futuro diferente do que foi o seu próprio passado. Nesta cultura, o passado dos adultos é o futuro de cada nova geração”, escreve ela nessa obra (Mead, 1971, pp. 27-28 da edição francesa).
As sociedades complexas, como a nossa (e, nos dias atuais, ponha complexidade nisso!), obviamente não são assim: elas apresentam enormes e constantes …exibir mais conteúdo…
Com isso, o modelo alicerçado primordialmente pela figura do pai instrutor deixa de ser tendência.
O referencial paternalista do mais velho, espécie de "ícone disciplinar", perde sua força à medida que o número de idosos aumenta.
«Hoje, não se encontra em nenhum lugar do mundo pessoas mais velhas que sabem o que as crianças sabem, por mais distantes e simples que sejam as sociedades onde vivem essas crianças”, afirma Margaret Mead. “No passado, sempre havia adultos que sabiam muito mais coisas do que qualquer criança, pelo fato de terem crescido no interior de um sistema cultural. Hoje não existe mais nenhum. Não só porque os pais deixaram de ser guias, mas também porque não existem mais guias, por mais que se procure por eles no seu próprio país ou no exterior. Nenhum adulto de hoje sabe do nosso mundo o que dele sabem as crianças nascidas no decorrer dos últimos vinte anos». (pp. 123-124)
É por essa razão, conclui Margaret Mead, que num mundo onde deixaram de existir as culturas pós-figurativas, as quais eram sistemas essencialmente fechados que reproduziam indefinidamente o passado, «nós devemos agora trabalhar na criação de sistemas abertos centrados no futuro, isto é, voltados para crianças cujas capacidades nos são desconhecidas e cujas escolhas precisam permanecer “abertas”