Rui knopfli - naturalidade

809 palavras 4 páginas
Análise do poema “Naturalidade” de Rui Knopfli

NATURALIDADE

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina europeias e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem a raíz de algum pensamento europeu.
É provável... Não, é certo, mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada, caso-me mais à agrura das micaias e ao silêncio longo e roxo das tardes com gritos de aves estranhas.

Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez e planuras sem fim com rios langues e sinuosos, uma fita de fumo vertical, um negro e uma viola estalando.

Antes de
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Por isso toda a relutância que o poeta sente quando lhe dizem que é europeu “contaminando-o”, de certa forma, com a literatura e a cultura europeias: “Europeu me dizem./ Eivam-me de literatura e doutrina europeias.”
Na segunda estrofe, o “eu poeta” convoca a flora, opondo as rosas e as micaias, legitimando dois mundos que permitem identificar a

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