Resumo e análise da obra: Boca de Ouro – Nelson Rodrigues

2319 palavras 10 páginas
Introdução
A partir da morte de Boca de Ouro, famoso bicheiro que teria mandado substituir todos os dentes por próteses de ouro (símbolo de vitória sobre a origem miserável), temos, a partir de uma reportagem policial, três versões do protagonista que nos são dadas por sua ex-amante, Dona Guigui. A cada versão, dependendo do estado emocional da mulher, surge um novo Boca de Ouro. Resumo
Boca de ouro é uma tragédia carioca em três atos escrita por Nelson Rodrigues em
1959.
O chofer de um ônibus que Nelson Rodrigues pegava para ir almoçar na casa da mãe tinha todos os 27 dentes de ouro. Orgulhoso de seu xodó, dizia sempre que os dentes eram de ouro maciço, 24 quilates. Impressionado com a história, o dramaturgo
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Ele existirá pelos olhos dos outros, terá as múltiplas faces que os outros lhe atribuem, será, além de si próprio, a encarnação das fantasias de onipotência que os outros, através dele, buscam exprimir. Essa é a linha psicológica pela qual a peça ganha unidade e profundidade, uma vez que os personagens, ao falarem de Boca de Ouro, falam também de si e, ao criar a sua imagem mítica, se revelam nos seus sonhos de poder e despotismo. Os demais personagens ligados ao
Boca de Ouro, e trazidos à cena pela narrativa de D. Guigui ao repórter, participam deste mesmo desdobramento de planos psicológicos e, sendo vivos e autônomos, também representam focos de clarificação que iluminam o herói da peça e são por ele iluminados, desvendando, por último, a realidade interna da narradora que os faz viver. Qual será, por fim, o significado profundo da peça de Nelson Rodrigues, e que alcance ético poderá ter? A chave da pergunta nos é dada pelo próprio autor, através da força intuitiva dos símbolos que cria. Boca de Ouro, nascido de mãe pândega, parido num reservado de gafieira, tendo perdido o paraíso uterino para defrontar-se com uma realidade hostil e inóspita, sentiu-se condenado à condição de excremento. Seu primeiro berço foi a pia de gafieira, onde a mãe, aberta a torneira, o abandonou num batismo cruel e pagão. Essa é a situação simbólica pela qual o autor, com um vigor de mestre, expressa o exílio e a angústia humana do

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