Resumo ciência e senso comum
Júlio Fontana*
Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, Minas Gerais, e tem, hoje, 72 anos. Estudou música e quis ser médico quando jovem. Entretanto acabou optando pela Teologia.1 Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas, é mestre em Teologia pelo Union Theological
Seminary, de New York, EUA, e doutor em Filosofia pelo Princeton Theological Seminary,
EUA. Formado em Psicanálise pela Sociedade Paulista de Psicanálise, é professor emérito da
Unicamp.
O senso comum e a ciência
Rubem Alves mostra o que significam senso comum e ciência. Essa discussão é necessária, pois haverá um debate muito acirrado entre os epistemologistas para saber qual dessas formas de conhecimento
e …exibir mais conteúdo…
O ser humano vive num mundo de sonhos antes que de fatos, e um mundo de sonhos organizado em torno de desejos, cujo sucesso ou frustração constitui sua própria essência. (p. 41)
O mundo humano se organiza em torno de desejos. Sendo assim, é do desejo que surgem a música, a literatura, a pintura, a religião, a ciência e tudo aquilo que se poderia denominar criatividade. Já que o desejo não pode ser erradicado e é central na ordem de nossa experiência cotidiana, como a ciência pode ser objetiva?
Definitivamente, o que separa a ciência do senso comum não é a objetividade. Então, que é que distingue a ciência do senso comum? A resposta para essa pergunta não é algo fácil de dar-se. Os cientistas dizem que os esquemas do senso comum são absurdos, enquanto os esquemas científicos são lógicos. Ouso discordar. O que parece mais absurdo não é o senso comum e sim a ciência. Lembro as seguintes palavras de Karl Marx: “É um paradoxo que a Terra se mova ao redor do Sol e que a água seja constituída de dois gases altamente inflamáveis. A verdade científica é sempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana, que apenas capta a aparência efêmera das coisas”. (p. 42)
Portanto não se verifica a alegação dos cientistas de que o discurso deles é mais lógico do que o do senso comum.
Outra alegação dos defensores da ciência é que a ciência busca os fatos, pelo menos esse era o lema do positivismo. Será que é isso mesmo? G. H.