Resenha Alegoria do Patrimônio
Não há hoje quem não tenha ouvido falar sobre patrimônio. Patrimônio cultural, bem entendido, pois, a denominação adquiriu múltiplos significados, dependente do adjetivo que a qualifica. Poderíamos por exemplo, entre inúmeras possibilidades, falar de patrimônio genético de seres vivos... Pois bem, ainda que admitindo seja o nome corrente e que o patrimônio cultural se tenha convertido numa noção mundializada, sabe-se realmente o que é patrimônio? As noções relativas a patrimônio, não raro, são vagas e contraditórias. O senso comum atribuiria aos bens arquitetônicos preservados ou tombados a interdição de uso, o que deterioraria qualquer construção -todas destinadas em princípio à ocupação - pela não ocupação.
Há ainda, entre nós, brasileiros, dois outros aspectos também passíveis de constatação, distantes do discurso mais atual sobre o patrimônio. O primeiro, tenderia a considerar exclusivamente como bens patrimoniais nacionais, o universo dos artefatos denominados “coloniais” ou “barroco-coloniais” (permanência da noção originária do ideário modernista dos anos trinta do século XX). Neste conceito, nada daquilo que figure fora do partido colonial seria digno de classificação. Nele se pode identificar, cristalizado, o eco das práticas oficiais. Entendimento estreito, reprodução da ideologia que continua a se perpetuar na escolha de exemplares do