Reflexão sobre a dúvida como processo para o conhecimento no discurso do método de descartes

5667 palavras 23 páginas
REFLEXÃO SOBRE A DÚVIDA COMO PROCESSO PARA O CONHECIMENTO NO DISCURSO DO MÉTODO DE DESCARTES

Jaciel Dias de Andrade jacieldias@folha.com.br Graduando do 4º período de filosofia, SDNSR

Resumo

O presente texto traz uma abordagem filosófica da dúvida como caminho para o conhecimento. O enfoque maior foi dado à dúvida no pensamento de Descartes, por ser ele o fundador da filosofia moderna, tendo a dúvida essencialmente como método. Assim, Descartes colocou tudo em dúvida, para através dela obter alguma certeza, conforme ficou evidente em O Discurso do Método. A consciência de si mesmo, ou seja, a existência do Eu pensante foi inicialmente aquilo que resistiu à dúvida. Através da dúvida metódica, Descartes certificou-se de sua
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Ainda de acordo com Leopoldo e Silva (1993), em 1618, Descartes resolveu procurar outro tipo de saber, cujos fundamentos e forma de aquisição pudessem ser examinados de maneira mais imediata. Foi, então, estudar em si mesmo e no livro do mundo, ou seja, inteirar-se do que são as coisas e os costumes, observando-os por si mesmo, ao longo das oportunidades que a vida oferecia. Integrou-se ao exército do príncipe de Maurício de Nassau que combatia os espanhóis, com a única intenção de viajar e observar. Com esse mesmo propósito, juntou-se no ano seguinte, às tropas do rei da Baviera. Foi nessa época, precisamente a 10 de novembro de 1619, que, retido numa cidade da Alemanha, pelo rigor do inverno, Descartes, segundo ele mesmo relata num escrito de que se tem apenas notícia, Olímpica, teve a revelação de algo a que chamou de fundamentos da ciência admirável. Deus lhe teria dito, em sonho, para que criasse uma nova ciência, algo que ele mesmo só compreenderia no seu inteiro significado, muitos anos mais tarde. De acordo com Bréhier (1977), em fins de 1628, Descartes retirou-se para Holanda, em busca de solidão. Salvo uma viagem à França, em 1644, aí devia permanecer, não sem mudar muitas vezes de moradia, até 1649. De 1628 a 1629, escreveu um “pequeno tratado de metafísica” sobre a existência de Deus e da alma, destinado a lançar os fundamentos de sua física. Leopoldo e Silva (1993) salienta que não são claras as razões que o levaram a tomar essa decisão.

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