RESENHA QUARTO DE DESPEJO
O livro Quarto de Despejo é a publicação feita por intermédio do repórter Audálio Dantas, do Diário de Carolina Maria de Jesus, mineira, negra, pobre, semianalfabeta, mãe solteira de três filhos, catadora de material reciclável, que morava na Favela de Canindé, em São Paulo.
A narrativa se inicia em 15 de julho de 1955, data do aniversário de sua filha caçula, Vera Eunice. Novamente outro dia com dificuldades para alimentar sua família, que dirá poder comprar o par de sapatos que a menina tanto queria. Conseguiu um rasgado no lixo, costurou-o e deu-lhe para calçar.
Referia-se a favela como sendo um local esquecido, imundo, com barracos úmidos, com muitas intrigas, fofocas, esquecido do mundo, um verdadeiro quarto de despejo.
Para ela os dias de chuvas ou os finais de semana, eram os mais difíceis, não podia sair para trabalhar. A leitura e a escrita eram seus passatempos favoritos: ...“Vim embora porque o frio era demais. Quando cheguei em casa era 22,30. Liguei o rádio. Tomei banho. Esquentei comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem. ...” pág. 26. Fator que a destacava, pois ao se autodenominar escritora, antes de ter qualquer livro publicado, incomodava os demais moradores, que a julgavam um ser diferente, fora de lugar. E ainda a escrita era uma forma de defesa, pois registrava no caderno os nomes de quem a insultava.
Nutria em seu íntimo a esperança de ver seus