Psicologia na fisioterapia
A relação fisioterapeuta-paciente é usualmente caracterizada por momentos de tensão, originados da co-existência de seus diferentes mundos subjetivos, constituídos por concepções e valores diversos, incluindo-se aqueles atinentes à relação corpo-mente. Neste artigo, abordamos, através de relato de pesquisa com delineamento de estudo de caso, algumas das questões relacionadas às tensões intersubjetivas nesse contexto. Apresentaremos resultados da análise do diálogo entre uma fisioterapeuta e sua paciente que evidenciam suas perspectivas conflitantes quanto à relação corpo-mente, com desdobramentos específicos para o processo terapêutico assim como para aspectos gerais da vida cotidiana e profissional das participantes da relação. A …exibir mais conteúdo…
Já para o paciente, as modificações decorrentes do processo de doença se iniciam antes de ele procurar o profissional. O paciente passa por um período – de duração variada – entre os primeiros sinais da doença e a rendição em aceitar o papel de doente, papel esse que tem seu significado variável de acordo com a cultura na qual o indivíduo se insere, podendo ser visto como fraqueza e equiparado ao fracasso, o que causa transtornos sociais, econômicos e emocionais e envolve o paciente e também sua família (Boesch, 1977). Portanto, nesse período, ele busca preservar sua autonomia funcional, tentando superar e minimizar a importância dos sintomas. Assim, para o paciente, a doença não é um fato corriqueiro, com manifestações conhecidas e soluções previsíveis, mas uma ameaça à sua integridade, não apenas física mas também psicossocial, o que lhe impõe um olhar intuitivamente mais integrado quanto à relação corpo-mente.
Nessa perspectiva, os papéis do fisioterapeuta e do paciente são construídos com base nas elaborações cognitivo-afetivas pessoais das sugestões culturais. Essa construção é um processo interativo que evidencia a assimetria inerente às relações sociais em geral. Da parte do profissional, inclui a elaboração de mensagens culturais com relação ao que é esperado da pessoa que ocupa aquele lugar: estabelecimento de regras, regulação de experiências e direção de comportamentos. São