O uso do solo urbano na economia capitalista
1. O pagamento do uso do solo urbano: a natureza da renda da terra.
O solo urbano é disputado por inúmeros usos. A propriedade privada do solo proporciona renda e é assemelhada ao capital.
O capital é constituído pela propriedade privada dos meios de produção, os quais quando movimentados pelo trabalho humano, reproduzem o seu valor, o valor da força de trabalho e mais um valor excedente, o lucro.
O “capital” imobiliário, o espaço, é apenas uma condição necessária à realização de qualquer atividade, mas não constitui meio de produção. A ocupação do solo é apenas uma contingência que seu estatuto de propriedade privada torna fonte de renda para quem a detém.
O “capital” imobiliário …exibir mais conteúdo…
É o caso, por exemplo, de bares e restaurantes localizados em escolas, clubes, estádios de esportes, aeroportos e semelhantes, afastados de outros estabelecimentos, que por isso dispõem de um público cativo. Os que dispõem do monopólio, graças à localização, podem cobrar preços mais elevados pelos produtos que vendem, o que dá lugar a uma renda de monopólio, que é, em geral, apropriada, no todo ou em parte pelo proprietário do imóvel.
A demanda de solo urbano para fins de habitação também distingue vantagens locacionais, determinadas principalmente pelo maior ou menor acesso a serviços urbanos, tais como transporte, serviços de água e esgoto, escolas, comércio, telefone, e pelo prestígio da vizinhança.
O mercado imobiliário faz com que a ocupação das áreas mais valorizadas seja privilégio das camadas de renda mais elevada, capaz de pagar um preço alto pelo direito de morar. A população mais pobre fica relegada às zonas pior servidas, mais baratas.
O “prestígio” tende a segregar os mais ricos e a classe média, que paga muitas vezes um preço extra pelo privilégio de morar em áreas residenciais que os “verdadeiros” ricos estão abandonando exatamente devido à penetração de arrivistas.
Os promotores imobiliários, que conhecem bem esse mecanismo, tiram o máximo proveito dele ao fazer lançamentos em áreas cada vez mais afastadas para os que podem pagar o preço do isolamento.