O processo de ocupação da Amazônia e a formação da fronteira

Francilete Souza de Almeida

Ao longo de seus mais de quatrocentos anos de história, a Amazônia representou um grande desafio, desde as primeiras expedições exploratórias no século XV, até sua incorporação em grande escala ao capitalismo na segunda metade do século XX. Desafio não somente pelas suas características físicas peculiares que lhes renderam expressões imprimidas no cotidiano geográfico mundial, como “Hileia”, “Inferno Verde” “Pulmão do mundo” entre outros, como também pela própria história da ocupação do Brasil, cuja economia agroexportadora permaneceu atrelada ao litoral.

Vista desde os primórdios como região de grandes potencialidades econômicas, sua …exibir mais conteúdo…

Para acelerar o processo de integração, a fronteira adquire uma nova configuração: o da exploração de recursos minerais em grande escala, dando cunho aos grandes projetos, resultado de uma aliança entre as multinacionais e setores nacionais.

O Projeto Grande Carajás para o Estado era uma forma de desenvolver um projeto de nível nacional que explorasse minerais ordenadamente, trazendo divisas para o País, que propiciasse a continuidade do processo de desenvolvimento regional e eliminasse as diferenças regionais. Na atualidade, é sabido que o projeto foi um instrumento para continuidade da modernidade, como uma das exigências das corporações transnacionais.

A atração da força de trabalho necessária ao desenvolvimento dos projetos criados ou planejados para região fez-se basicamente através da colonização dirigida pelo Estado, que no primeiro momento atraiu camponeses do restante do país para ocupar as áreas ao longo das rodovias criadas, através de loteamentos rurais. “A colonização dirigida, como um processo historicamente especifico de ocupação de novas terras, adquire ai uma feição própria, diferentes de experiências similares de outras áreas, devido ao ritmo da ocupação e a interferência do Estado” (Miranda, 1990, p. 47).

Na estruturação e controle do território amazônico, o Estado cria e recria condições para apropriação de terras devolutas para grupos sociais capitalizados, capazes de