O marinheiro perdido trabalho sobre memoria
O autor relata a história de Jimmy G., um marinheiro com amnésia anterógrada, que não consegue armazenar e resgatar memórias novas. O paciente apareceu em sua clínica com uma carta descrevendo-o como “incapaz, demente, confuso e desorientado”. Ao conversar com ele, o autor notou que ele parecia estar “parado” no ano de 1945. Ele ainda achava que era um jovem de dezenove anos (mesmo que sua aparência mostrasse um homem muito mais velho), e conseguia relatar com detalhes coisas e momentos de sua vida antes e durante o ano de 1945. Sua memória de longa duração estava intacta quando relacionada a esses antigos detalhes – informações como o seu nome, sua família, sua profissão ainda permanecem intactos em sua mente.
Foi perceptível a preocupação de Sacks com a alma do paciente, e sua identidade existencial, seu ser. O autor então lhe entregou um espelho, questionando se aquela imagem refletida era de alguém de 19 anos. Sacks relata que jamais viria a se perdoar por ter feito isto. O mundo de Jimmie, consolidado em 1945, de repente se tornou confuso e incerto. Toda a realidade caiu por terra, pois ao se ver no espelho foi um grisalho de 49 anos que viu, e não um jovem de 19. Felizmente (ou infelizmente), Jimmie logo se esqueceria do choque provocado, porém Sacks questiona a existencia de uma alma, de uma identidade em um indivíduo como Jimmie, com o tempo congelado em 1945 e sem chances de retorno, esquecendo-se dos fatos segundos após estes acontecerem.