O combate dos soldados de cristo na terra dos papagaios- luiz felipe baêta neves

5531 palavras 23 páginas
O COMBATE DOS SOLDADOS DE CRISTO NA TERRA DOS PAPAGAIOS- LUIZ FELIPE BAÊTA NEVES

I- A primeira vista, trata-se de um estudo sobre uma área ideológica do século XVI no Brasil. Um dos mais perniciosos modos de introdução de centramento é aquele que confunde um determinado tempo cronológico com todos os demais, reduzindo estes a uma única linearidade de sucessões onde o presente é apenas aquilo que se oferece fisicamente ao nosso olhar. Ilusória contemporaneidade que (pág. 15) sufoca as diferenças de ritmo, de coesão e de ruptura que marcam e diferenciam, distribuem e articulam as diferentes instâncias de uma formação econômico-social determinada. Os objetos que estudamos viveram no século XVI (e antes dele). Como negar a presença-
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Não seriam abismos, monstros, mares, apenas obstáculos, provas que seria necessário vencer – que seria possível vencer – para que se pudesse re-conquistar as regiões “caídas”? Aceito esse ponto de vista, o mito da “descoberta” se flexiona (pág.31) fortemente. A “descoberta” de novas terras não seria o fechamento de uma Alteridade Total, de um Outro (uma série de Outros) e sim um re-encontro com regiões de Si que se teriam afastado física e espiritualmente. A “descoberta” é, antes, um conhecimento das partes até então dobradas, ocultas, de um mesmo mapa já há muito desenhado por uma Mão (pág.32).Viagem no espaço, viagem no tempo, a dos missionários. O tempo é uma linha reta contínua: é o tempo divino. Mas se este tempo está fora de uma intervenção divina humana, os homens têm uma história profana (pág. 34). O auditório predileto da Missão é o dos que ainda não tinham ouvido a palavra divina. Os missionários são pregadores (pág. 36). O mundo é o espaço de uma luta. Bem, isto já foi dito; é a luta entre o Bem o mal, poderia ser argumentado. Mas o obvio dualismo é enganoso e ainda mais enganoso seria supor um choque entre iguais. Isto seria incorrer em um pensamento maniqueísta (pág.39). Na verdade não há equivalência de poderes entre o Bem e o Mal. O Mal é um anjo caído, expulso do Paraíso por Deus; seu mito de origem já assinala sua derrota. Apenas esta nunca é definitiva, porque sua vitória sempre é parcial e se da em um terreno escolhido por Deus. No fim da Idade Média

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