O Registro E A Reflex O Do Educador Madalena Freire 1
2.1 Sobre o ato de escrever
Madalena Freire Welfort
“De tudo que está escrito, eu amo somente aquilo que o homem escrever com o seu próprio sangue”.
Nietzsche
Escrever com sangue, dor e prazer é falar do que corre em nossas veias. Falar de amor, ódio, sonho. Ousar colocar, socializar para o outro, o que pensamos, somos, dói, “a dor é prova de existência”. “A dor retrata diferença”41 Não nos cabe fugir dela, e sim enfrentá-la “para a construção do prazer, do conhecimento de nós mesmos, do outro, da realidade”.42 Para isso é necessário conversar, dialogar com ela para que busquemos saídas, caminhos de enfrentamento no processo do conhecimento, junto com o outro. Buscar conversar, tocar, no outro, na sua ferida (?) faz parte da busca de comunicação.
“Minhas palavras são extensões do meu corpo, meus membros se apóiam nelas (...) as palavras, podem matar”43, ou fazer nascer, desvelar revelar o nascimento do outro para mim.
A marca única, genuína (sangrada) do autor emerge dessa busca de si mesmo contaminada co outro, na palavra. Dessa maneira quando escrevemos, não buscamos somente respostas únicas, mas sim essencialmente PERGUNTAMOS. Permanente inquietação de ser vivo, que nos remete a nós mesmos e a essência de nossa existência.
Por tudo isso, escrever é muito difícil. Compromete mais que falar.
Escrever deixa marca, registra pensamento, sonho, desejo de morte e vida.
Escrever dá muito trabalho porque organiza e articula o