Modernidade Liquida Capitulo 1
Ao fim das "três décadas gloriosas" que se seguiram ao final da Segunda Guerra
Mundial - as três décadas de crescimento sem precedentes e de estabelecimento da
Riqueza e da segurança econômica no próspero Ocidente - Herbert Marcuse reclamava:
Em relação a hoje e à nossa própria condição, creio que estamos diante da situação nova na história, porque temos que ser libertados de uma sociedade rica, poderosa e que funciona relativamente bem ... Como observou Arthur Schopenhauer, a "realidade" é criada pelo ato de querer; é a teimosa indiferença do mundo em relação à minha intenção, a relutância do mundo em se submeter à minha vontade, que resulta na percepção do mundo como "real", constrangedor, limitante e desobediente. Pode ser que o desejo de melhorar tenha sido frustrado, ou nem tenha tido oportunidade de surgir (por exemplo, pela pressão do "princípio de realidade" exercido, segundo Sigmund Freud, sobre a busca humana do prazer e da felicidade); as intenções, fossem elas realmente experimentadas ou apenas imagináveis, foram adaptadas ao tamanho da capacidade de agir, e particularmente à capacidade de agir razoavelmente - com chance de sucesso. Ameaça mais sombria atormentava o coração dos filósofos: que as pessoas pudessem simplesmente não querer ser livres e rejeitassem a perspectiva da libertação pelas dificuldades que o exercício da liberdade pode acarretar.
A primeira lançava dúvidas sobre a prontidão do "povo comum" para a liberdade. O