Bauman, zygmunt - resenha - comunidade – a busca por segurança no mundo atual

4951 palavras 20 páginas
Comunidade – a busca por segurança no mundo atual
Zygmunt Bauman. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.

Ana Lúcia Alexandre Borges
“Se vier a existir uma comunidade no mundo dos indivíduos, só poderá ser (e precisa sê-lo) uma comunidade tecida em conjunto a partir do compartilhamento e do cuidado mútuo; uma comunidade de interesse e responsabilidade em relação aos direitos iguais de sermos humanos e igual capacidade de agirmos em defesa desses direitos.”
(Zygmunt Bauman, 2003, p.128)
Introdução

Ao narrar seu dia-a-dia, ou ao descrever o lugar onde moram, moradores de favela do Rio de Janeiro, como as inúmeras que compõem grandes complexos como o do Alemão ou o da Maré, ou ainda Vidigal, Mangueira e Rocinha, poucas
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Dessa forma, a fronteira entre essas duas faces fica cada vez mais tênue, e toda unidade precisa ser construída, de maneira artificial. E, para ser mantida, essa comunidade (um acordo entre seus integrantes) precisa ser vigiada e defendida. Passa a ser “uma fortaleza sitiada”, como diz Bauman, e “trincheiras e baluartes são os lugares onde os que procuram o aconchego, a simplicidade e a tranqüilidade comunitárias terão que passar a maior parte do seu tempo” (ibidem, p.19).
É seguindo esse raciocínio que Zygmunt Bauman chega à questão que permeia todo o livro: o paradoxo de que, para a comunidade existir com segurança, é preciso que os indivíduos abram mão da liberdade, que, por sua vez, só pode ser ampliada às custas da segurança. Essa situação provoca na vida um conflito infinito e é um poço infindável de questionamentos para os intelectuais, pois “a segurança sacrificada em nome da liberdade tende a ser a segurança dos outros; e a liberdade sacrificada em nome da segurança tende a ser a liberdade dos outros”.
Comunidade na Modernidade

No segundo capítulo, “A reinserção dos desenraizados”, Bauman trata da Modernidade, período da História em que se valorizou a individualização e em que a liberdade era oferecida em troca de segurança, sendo que nem todos desfrutavam dessa liberdade. O arranjo moderno capitalista era constituído de duas faces: uma

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