Método socrático
Depois, subitamente, Sócrates estacava e mostrava que o ponto de chegada estava em contradição formal com o ponto de partida. Se o interlocutor estivesse de boa fé ele concluía daí que a definição de nada valia e que era necessário propor uma outra. Sócrates retomava então a discussão e passava ao crivo as definições sucessivas que lhe propunham. Muitas vezes o diálogo concluia-se e Sócrates deixava o seu interlocutor confundido dizendo-lhe que talvez numa outra altura pudessem examinar de novo o problema. Mas podia acontecer que o interlocutor estivesse de má-fé e que então se recusásse a participar na conversa e a admitir a sua ignorância. Se a pessoa se entregava ao orgulho ferido, tornava-se um inimigo feroz, e foi esta a razão que lhe custou a vida. Em suma, a ironia socrática reconduzia as pseudocertezas às justas proporções e, denunciava as suas pretensões usurpadoras, apanhava o interlocutor nas suas próprias redes. A ironia opunha-se a tudo o que desse conta da existência em termos de conceitos e de sistemas fechados, a tudo que pretendesse congelar a existência encerrando-a nos limites muito estreitos do pensamento objectivo: ela denunciava a impotência dos falsos poderes.Sócrates não se preocupava em ser professor de hebreu, nem escultor, nem primeiro dançarino, preocupava-se em ensinar aos outros o que todos sabiam, ou mais exactamente deveriam saber; a intenção de