Jorge luis borges e o martín fierro

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JORGE LUIS BORGES E O “MARTÍN FIERRO”

Gustavo Javier FIGLIOLO[1]

Resumo: O presente trabalho objetiva estabelecer uma análise da obra “El ‘Martín Fierro’”, de Jorge Luis Borges, fazendo um comentário crítico do que o escritor afirma acerca da poesia gauchesca, José Hernández (autor de “Martín Fierro”), a obra em si, a crítica da obra e seu julgamento final. O pequeno livrinho do escritor argentino, primeiramente publicado em 1953, tenta justificar, como ele próprio o afirma, a existência da literatura argentina, no contexto da época, a qual inclui pelo menos uma obra: “Martín Fierro”. Esta, por sua vez, encontra-se inserida dentro do gênero da literatura gauchesca, cuja poesia, em opinião de Borges, é um dos acontecimentos mais
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Assim, Borges comenta em “Discusión”:

Derivar la literatura gauchesca de su materia, el gaucho, es una confusión que desfigura la notoria verdad. No menos necesario para la formación de ese género que la pampa y que las cuchillas fue el carácter urbano de Buenos Aires y de Montevideo. Las guerras de la Independencia, la guerra del Brasil, las guerras anárquicas, hicieron que los hombres de cultura civil se compenetrasen con el gauchaje: de la azarosa conjunción de esos dos estilos vitales, el asombro que uno produjo en otro, nació la literatura gauchesca. (BORGES, 1964, p. 12)

A conformação da literatura gauchesca na Argentina obedeceu à necessidade de uma identidade nacional que precisava gerir um discurso representativo das aspirações políticas e sociais da Nação, instalando um herói popular que contivesse todos os setores sociais que se veriam, assim, representados. O argentino não seria mais simplesmente o espanhol americanizado, e sim um novo tipo cultural diferente, com aspirações diferentes e uma voz diferente. O gaúcho era talvez a única figura possível (como o índio na literatura brasileira), a ocupar esse cargo; partícipe efetivo tanto nas lutas da Independência quanto nas da Guerra Civil, o gaúcho constituiu-se num ícone cultural, num ser cultural diferente, produto da conjuntura histórica. Nora Domínguez analisa esta situação comparando dois momentos históricos, no século XIX e no século

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