Esta estranha instituição chamada literatura
Revista Brasileira de Tradutores
Nº. 18, Ano 2009
JACQUES DERRIDA E ESTA ESTRANHA
INSTITUIÇÃO CHAMADA LITERATURA
Marileide Dias Esqueda
Universidade do Sagrado Coração - USC mesqueda@usc.br UNIBERO
Centro Universitário Ibero-Americano
Contato
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Resenha
Recebido em: 15/7/2009
Avaliado em: 31/8/2009
Publicação: 30 de setembro de 2009
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Jacques Derrida e esta estranha instituição chamada literatura
Sem dúvida, hesitei entre filosofia e literatura, não abrindo mão de nenhuma das duas, talvez buscando obscuramente um lugar a partir do qual a história dessa fronteira pudesse ser pensada ou até mesmo deslocada – na própria escritura e não somente pela …exibir mais conteúdo…
18, Ano 2009 • p. 177-182
Marileide Dias Esqueda
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desejável, mas necessário. Para Derrida, o texto literário “ordena” sua operação de leitura e essa ordem exerce um papel decisivo no jogo das interpretações, forças, desejos e tensões que autorizam qualquer leitura:
“O que é literatura?”; literatura como instituição histórica, com suas convenções, regras, etc., mas também essa instituição de ficção que dá, em princípio, o poder de dizer tudo, de desvencilhar-se das regras, de deslocá-las, e, desse modo, instituir, inventar e também suspeitar da diferença tradicional entre natureza e instituição, natureza e lei convencional, natureza e história. Aqui, deveríamos levantar questões jurídicas e políticas. A instituição da literatura no ocidente [maiúscula], em sua forma relativamente moderna, está ligada à autorização para se dizer tudo, e, sem dúvida também, à vinda de uma idéia moderna de democracia. Não que ela dependa de uma democracia no seu lugar, mas parece-me inseparável do que causa uma democracia, no sentido mais amplo
(e, indubitavelmente, ele mesmo por vir) de democracia. (p. 38)
A configuração suplementar que Derrida imprime nesta Estranha instituição chamada literatura é o deslize da origem. Os textos literários consomem e devoram a história e as relações que tentam apresentar, multiplicam sua diversidade e pluralidade, em vez de se apresentarem com uma estrutura única:
A literatura não tem originalidade pura nesse