Capitalismo
Fábio Konder Comparato
RESUMO
Fábio Konder retrata neste artigo sobre a civilização e o poder. Relata que em pleno século XXI, era cristã, todos os povos participam da mesma civilização, a capitalista.
Poucos têm consciência desse fenômeno, primeiro por que o curso dessa evolução histórica só veio a se completar recentemente. A segunda razão, é que, fora do círculo intelectual marxista, o capitalismo sempre foi apresentado, pura e simplesmente, como um sistema econômico.
O autor acredita ter chegado a hora do capitalismo ser conhecido em toda a sua riqueza de sentidos.
Mas, além disso, ressaltou aquele que representou, maior relevância no processo de transformação global da vida em nosso planeta: o …exibir mais conteúdo…
Mudam os costumes dos homens e muda também a divisão da sociedade.
A partir do século XII, nasceu e prosperou rapidamente uma nova espécie de civilização, radicalmente diversa de todas as que a precederam. Era o capitalismo.
A mudança radical de mentalidade correspondeu ao surgimento, como modelo global de vida, da busca do lucro máximo pelo exercício profissional de uma atividade econômica.
Em nenhuma civilização do passado, jamais se considerou o acúmulo de bens materiais como finalidade última da vida. A nova ética capitalista opôs-se radicalmente a essa concepção.
A posse legítima da terra era, portanto, em si mesma, um título de nobreza. Até a Idade Moderna, prevaleceu incontestada a máxima res mobilis, res vilis: o vilão só era admitido a possuir coisas móveis.
Ora, o "espírito" material do capitalismo, consiste, em tudo transformar em mercadoria: bens, ofícios públicos, concessões administrativas e até pessoas, como os trabalhadores assalariados ou os consumidores. Deparamos, aí, com uma radical desumanização da vida. O capital, como valor supremo, é transformado em pessoa ficta, dita entre nós pessoa jurídica, e em outras legislações pessoa moral.
Desumanizar a vida significa excluir da biosfera o seu centro de valor universal: a pessoa humana. Cada um de nós é um ser único, insubstituível e irreprodutível. Vivemos, cada vez mais, em um mundo de organizações artificiais sem nome, nas quais desaparece inteiramente a figura