Apreciação da obra de arte: a proposta triangular
Raimundo Matos de Leão*
Antes de abordar o assunto propriamente dito, gostaria de apresentar um texto de Leonardo da Vinci, solicitando ao leitor que o mantenha no foco de sua atenção durante a leitura desse artigo, cujo tema é a apreciação da obra de arte tendo como ponto de partida a proposta triangular de Ana Mae Barbosa.
Não vês que o olho abraça a beleza do mundo inteiro? (...)
É janela do corpo humano, por onde a alma especula e frui a beleza do mundo, aceitando a prisão do corpo que, sem esse poder, seria um tormento (...) Ó admirável necessidade! Quem acreditaria que um espaço tão reduzido seria capaz de absorver as imagens do universo? (...) O espírito do pintor deve …exibir mais conteúdo…
Essa decodificação precisa ser associada ao julgamento da qualidade do que está sendo visto aqui e agora e em relação ao passado (1991, pp. 34-35).
Essa preocupação em torno do conhecer, do apreciar e do fazer arte resultou, no Brasil, na proposta triangular de Ana Mae Barbosa, tendo como referência trabalhos desenvolvidos por pesquisadores ingleses e americanos preocupados com um currículo que privilegiasse o fazer artístico, a história da arte e a análise da obra de arte, visando não só o desenvolvimento dos educandos, mas as suas necessidades e seus interesses. Dessa forma, as atividades de arte na escola passam a ter um significado para o educando, deixando de ser uma atividade incompreendida ou mero passatempo.
A proposta triangular de Ana Mae Barbosa (1991) propõe os seguintes tópicos:
Conhecer arte (história da arte) possibilita o entendimento de que arte se dá num contexto, tempo e espaço onde se situam as obras de arte.
Apreciar arte (análise da obra de arte) desenvolve a habilidade de ver e descobrir as qualidades da obra de arte e do mundo visual que cerca o apreciador. A partir da apreciação, educa-se o senso estético e o aluno pode julgar com objetividade a qualidade das imagens.
Fazer arte (fazer artístico) desenvolve a criação de imagens expressivas. Os alunos conscientizam-se das suas capacidades de