INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo mostrar de forma simples as perspectivas de Gilberto Freyre em Casa-grande senzala e Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. Ambos, por seu turno, foram associados a uma tradição ensaística e interpretativa da realidade brasileira e procurou rever também os paradigmas da formação histórica do país.
Além dos aspectos biográficos de cada um deles, cujas personalidades, aliás, eram bastante antagônicas, o que chama atenção de certa forma é o modo pelo qual as duas obras foram os termos mais polêmicos consagrados pela fortuna crítica.

UMA ANTROPOLOGIA DO BRASIL: OS PILARES
A perspectiva de Gilberto Freyre em Casa-grande e senzala
O primeiro …exibir mais conteúdo…

Freyre considera que no Brasil predominou, para a formação étnica e cultural de sua sociedade, a democracia racial. Sob sua óptica, os povos nativos das terras do “Novo Mundo”, os colonizadores portugueses e os negros trazidos da África como escravos contribuíram de forma praticamente harmoniosa para a constituição dos hábitos e costumes da sociedade patriarcal brasileira. Isso se vê claramente quando argumenta ainda no prefácio da obra, que a miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala.
Tal perspectiva foi duramente criticada por seus comentadores, pois desconsideram, na maior parte das vezes, os intensos conflitos ocorridos entre essas diferentes culturas. Sob tal visão, não se percebe as imposições e as transformações de costumes. Pode-se mesmo dizer que a visão de Freyre é ainda carregada pelo olhar etnocêntrico do “civilizador” europeu e não é capaz de perceber, ou não o quis, as resistências e as disputas ocorridas nesse processo.
A casa-grande era residência, sede administrativa do engenho concebido como um modelo feudal, o “lugar de poder” para o senhor, e é em seus domínios que Freyre lança seu olhar.