Análise do ensaio xamanismo e sacrifício de eduardo viveiros de castro

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Análise do ensaio Xamanismo e sacrifício, de Eduardo Viveiros de Castro

Xamanismo e sacrifício

O conceito de sacrifício evocado por Eduardo Viveiros de Castro, em seu ensaio Xamanismo e sacrifício, está vinculado à comunicação entre dois termos (subjetividades diferentes). A teoria de Mauss e Hubert, quando observada sob a ótica proposta no ensaio, consiste apenas em mais uma manifestação sacrificial, assim como o xamanismo e o canibalismo tupi-guarani.
A necessidade de postular uma definição sacrificial capaz de incluir ou excluir o complexo do xamanismo sul-americano, como o próprio autor afirma, é o movente que anima o texto. Tal definição seria um esquema genérico do sacrifício, uma equação que se possa reconhecer mesmo quando
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e portanto o ponto de vista). Uma implicação dessa teoria é a descentralidade da espécie humana frente à natureza. Na cosmologia cristã, os animais se organizam em dois grupos: os racionais (espécie humana, criada à imagem e semelhança de Deus) e os irracionais (todos as demais espécies). A racionalidade seria a capacidade de pensar e administrar o livre-arbítrio de acordo com a lógica desse pensar, portanto é dela que derivam as ferramentas elaboradas para o bem individual e comum, como por exemplo as linguagens verbal e gestual, a organização social, a intervenção no meio, e etc (cultura). Aceitando que cada espécie tem uma cultura, a racionalidade do homem passa a ser só mais uma dentre as várias.
O que Eduardo chama de perspectivismo é a concepção de que as diferentes subjetividades tem pontos de vista radicalmente distintos. Quer dizer, um determinado espécime vê sua espécie como nós vemos a humanidade (se veem racionais entre si), e vê as demais espécies (inclusive a humana) como irracionais. Essa colocação deixa implícito o fato de cada espécie ser dotada de um código cultural e social particular (o que converge com a teoria anímica de Descola). Os mortos, as divindades e os grupos inimigos, como compreendem em si diferentes subjetividades, também são dotados de códigos culturais, sociais e pontos de vistas particulares,

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