A teoria do romance - george lukacs

1461 palavras 6 páginas
Diante de um mundo que se apresenta ao homem como não mais regido por uma ordem pré-estabelecida, totalizante, fechada em si mesma, Georg Lukács aponta o romance como “a epopeia de uma era para a qual a totalidade extensiva da vida não é mais dada de modo evidente” (p. 55). No advento da era moderna, o homem se descobre como porta-voz de seu próprio destino, resultado de uma descoberta dolorosa: o mundo moderno é um mundo abandonado por Deus. Em A teoria do romance, Lukács propõe uma leitura histórico-filosófica para compreender o surgimento de uma nova forma literária, a tipologia romanesca, como fruto originário de seu tempo. Se, durante a era clássica, a forma predominante – a epopeia – reflete em sua composição a objetividade e a …exibir mais conteúdo…

104).

A percepção, a tomada de consciência, de que o mundo não é mais concebido por uma forma totalitária, por Deus ou deuses, de que o homem é dono de seu próprio destino, e consequentemente o responsável por conduzir o curso de sua história e de sua narrativa, é metaforicamente associada por Lukács como “o caráter demoníaco do indivíduo problemático” (p. 99/ p. 88). Ele diz: “Os deuses banidos e os que ainda não subiram ao poder tornam-se demônios; seu poder é vivo e eficaz, porém não mais penetra o mundo” (p. 88). O perigo dessa tomada de consciência habita no fato de que essa divindade não é mais externa, mas interna ao próprio homem: “o romance é a epopeia do mundo abandonado por deus; a psicologia do herói romanesco é a demoníaca, a percepção virilmente madura de que o sentido jamais é capaz de penetrar inteiramente a realidade” (pp. 89-90). Diferentemente dos personagens constituídos de modo idealista nos romances de cavalaria, ou dos heróis

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