A sociedade depressiva
A derrota do sujeito Atingindo no corpo e na alma por esta estranha síndrome em que se misturam a tristeza e a apatia de si mesmo. pg13 O indivíduo depressivo sofre ainda mais com as liberdades conquistados por já não saber como utilizá-las. pg13 Cada paciente é tratado com um ser anônimo, pertencente a uma totalidade orgânica.pg14 Se o ódio pelo outro é, inicialmente o ódio a si mesmo, ele repousa, como todo masoquismo, na negação imaginária da alternidade. pg 16 Às vésperas do terceiro milênio, a depressão tornou-se a epidemia psíquica das sociedades democráticas, ao mesmo tempo que se multiplicam os tratamentos para oferecer a cada consumidor uma solução honrosa. É claro que a histeria não desapareceu, …exibir mais conteúdo…
Pg 37 A revolução pineliana consistiu em ver o louco não mais como um insensato cujo discurso seria desprovido de sentido, mas como um alienado, ou, em outras palavras, um sujeito estranho a si mesmo: não um animal enjaulado e despojado de sua humanidade porque estivesse privado de qualquer razão, mas um homem reconhecido como tal. Pg 39 O medicamento sempre atende, seja qual for a duração da receita, a uma situação de crise, a um estado sintomático. Quer se trate de angústia, agitação, melancolia ou simples ansiedade, é preciso, inicialmente, tratar o traço visível da doença, depois suprimi-lo e e, por fim, evitar a investigação de sua causa de maneira a orientar o paciente para uma posição cada evz menos conflituosa e, portanto, cada vez mais depressivo, pg 41 Em princípio, deveria ter-se mantido em equilíbrio entre o tratamento por psicotrópicos e a psicanálise, entre a evolução das ciências do cérebro e o aperfeiçoamento dos modelos significativos da explicação do psiquismo. Pg 46 Todavia, com o desenvolvimento de uma abordagem liberal dos tratamentos, que submete a clínica a um critério de rentabilidade, as teses freudianas foram julgadas “ineficazes” no plano terapêutico: o tratamento, dizia-se, era longo demais e dispendioso demais. Pg 47
No que concerne ao