A carta roubada
Edgar Allan Poe
A CARTA ROUBADA
Adaptação de Ana Carolina Vieira Rodriguez
2ª edição
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Nil sapientiae odiosius acumine nimio.
Sêneca
Na sabedoria, nada mais odioso que julgar-se sábio.
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Capítulo 1
UM CASO SIMPLES E ESTRANHO
Estávamos em Paris, em uma escura e atormentada noite de outono do século XIX. Meu amigo Auguste Dupin e eu, sentados relaxadamente em seu escritório ou sala de leitura, saboreávamos nossos cachimbos enquanto meditávamos em silêncio profundo. O apartamento ficava em Faubourg, SaintGermain, na Rua Dunôt, número 33.
Quem visse de fora pensaria que estávamos muito ocupados com as nuvens de fumaça que nos rodeavam, tornando o ar denso, carregado. Mas eu, no entanto, nem notava a atmosfera esfumaçada, e refletia sobre a conversa que acabara de ter com meu amigo.
Havíamos falado sobre o caso da Rua Morgue e o mistério envolvendo o assassinato de Marie Rogêt, discutido detalhes e PORMENORES. Por causa disso, pareceu-me uma coincidência incrível quando, de repente, a porta do apartamento se abriu e apareceu o sr. G, delegado de polícia de Paris, velho conhecido nosso.
Há anos que não o víamos e o recebemos com cordialidade. Tratava-se de um homem ao mesmo tempo divertido e INFAME. Dupin se levantou para acender a luz, já que tínhamos ficado no escuro até então, mas desistiu depois de ouvir o