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Desta feita, passou-se à concepção do partido, uma edificação construída num total de cinco andares, cuja fachada principal está prevista para ser posicionada na esquina que compreende as ruas Marquês de Itu e Bento Freitas. Esse posicionamento privilegia essa confluência de ruas, permitindo fácil acesso de quem vem a pé da Praça da República, bem como proporciona o mesmo a usuários de ônibus e do metrô. Com o aproveitamento máximo da referida esquina, o partido oferece ao transeunte que vem da Praça da República, uma fachada emblemática, na qual encontra-se a entrada principal. Nesse ângulo de visão, qualquer pessoa poderia reconhecer o Museu de Arquitetura, identificado por grande letreiro ou painel ilustrativo. A entrada em vidro confere leveza e transparência, tornando o espaço de recepção uma espécie de "pórtico público", embora ofereça todas as condições de controle de acesso, como convém a um museu.
Ainda no plano térreo, ao lado do hall de entrada, colocamos uma grande área, de caráter semipúblico, uma espécie de "praça coberta", abaixo da construção erguida sobre pilotis, adotando o conceito desenvolvido por Le Corbusier. Essa área, cujo acesso externo se dá pelas ruas Bento Freitas e General Jardim destina-se ao acolhimento do público que ali passa (casualmente ou propositalmente), oferecendo um convite ao descanso, ao lazer e à visita ao museu. Assim, moradores da região e visitantes podem criar e participar de eventos tais como: encontros, manifestações, concertos, exposições, entre outros. Essa praça coberta permite ainda o acesso da Aliança Francesa e do pátio interno ajardinado, local que une o museu ao conjunto de lojas e escritórios, bem como ao estacionamento de ônibus.
Já o prédio de escritórios e lojas, fisicamente separado do museu, tem sua entrada principal pela rua Marquês de Itu, entre duas edificações preservadas. Também erguido sobre pilotis, e adotando o mesmo estilo arquitetônico do museu, configura-se como uma grande galeria, garantindo a manutenção do tradicional comércio de material artístico. Os fundos dessa galeria conectam-se ao estacionamento de ônibus de turismo e ao pátio interno ajardinado. Os turistas que chegam em caravanas podem ter acesso ao museu através desse pátio, criando – quando necessário - filas independentes das filas que se formam na entrada principal.
Das demolições:
A decisão de demolir alguns edifícios levou em consideração que esses edifícios a serem demolidos sejam aqueles que tenham menos de três andares e estejam em estado crítico de conservação. Conseqüentemente esses prédios têm pouco valor comercial, o que facilitaria as negociações de desapropriação.
Da preservação do hotel:
O hotel é um edifício recente, de grande porte, de difícil negociação para desapropriação. Pode, em contrapartida, atender a visitantes de outras cidades e/ou estados. Entre esse grande edifício e os fundos do teatro da Aliança Francesa, localiza-se o pátio ajardinado, local parcialmente sombreado (pela projeção da sombra do alto edifício), abrigado da agitação da rua. Essa área corresponde ao estacionamento do hotel, único trecho a ser negociado em permuta com a área de estacionamento em subsolo.
3.1. Hall de entrada:
O hall de entrada constitui uma grande área em setor circular, que acolhe os visitantes pela esquina, impondo-se monumentalmente a quem vem da Praça da República. Por conta do pequeno desnível do solo, o visitante que está a pé deverá subir uma pequena escadaria, com poucos degraus, porém larga em extensão, acompanhando a curva desse setor. O acesso a deficientes físicos se dá pela praça coberta, nivelada com a rua General Jardim. No hall de entrada localizam-se o balcão de recepção e bilheteria, loja e livraria, além de um café expresso. O acesso à grande circulação para os andares superiores só será possível após passagem por catracas eletrônicas, que controlam o fluxo dos pagantes.
3.1.2. Loja: No hall de entrada, há uma loja de lembranças para turistas, ou ainda para material de desenho, embora a galeria de lojas possa oferecer o mesmo, num espaço ainda maior.
3.1.3. Livraria: A livraria pode oferecer livros especializados em arte e arquitetura, também vídeos e CD-rom. É bem visível e de fácil acesso a quem entre e/ ou dais do museu pelo hall principal.
3.2. Acesso aos andares superiores:
O acesso principal aos andares superiores se dá por meio de escadas rolantes, escadas em alvenaria e elevadores. As escadas ficam situadas num átrio de vidro, permitindo que o visitante veja, ao mesmo tempo, parte da rua e parte do interior do museu, inclusive os espaços de exposição. No térreo, essa área sob as escadas, por receber muita luz, será ajardinada. As escadarias interligam os espaços de grande circulação, facilitando o acesso a dois grandes blocos que compõem o corpo do museu. Os elevadores estão divididos em dois conjuntos independentes: um conjunto só para os visitantes, outro para serviços, sendo que esses conjuntos não compartilham o mesmo espaço de circulação.
3.3. Espaço de exposições permanentes:
O espaço destinado a exposições permanentes tem pé-direito duplo, para abrigar grandes e altas maquetes. Receberá iluminação (parcial) azimutal e iluminação artificial. Conecta-se com a área de circulação principal e tem saída de emergência.
3.4. Espaço de exposições temporárias:
Conforme o programa oficial, há dois espaços para exposições temporárias, de fácil acesso pela área de circulação principal, e com saída de emergência. A iluminação é lateral, com brise-soleil.
3.5. Auditórios:
Os auditórios recebem iluminação artificial (de apoio e ribalta) e tratamento termo-acústico. Também têm saídas de emergência.
3.5.1. Grande auditório – com 400 lugares, é destinado a conferências, apresentações musicais, projeção de cinema e vídeo.
3.5.2. Pequeno auditório – com 150 lugares, destinado a conferências e projeções para públicos menores.
3.6. Foyer:
Área de recepção aos auditórios permite fácil acesso à cafeteria. Recebe iluminação natural pelo átrio da escadaria, além da iluminação artificial no teto.
3.7. Cafeteria:
A cafeteria/restaurante oferece espaço para rápidas refeições em balcão ou para refeições em mesas. As mesas podem ocupar área interna ou um terraço que se localiza na esquina principal, permitindo uma visão parcialmente panorâmica do entorno.
3.8. Escritórios (administração e curadoria): Pela grande circulação, tem-se acesso ao setor administrativo, via recepção.
3.9. Salas de aula:
Num total de três, localizam-se junto à exposição, no segundo andar, o que facilita o apoio didático.
3.10. Acervo e oficinas:
Todo material a ser exposto chega ao acervo e às oficinas pelo elevador de carga, cujo acesso é exclusivo aos funcionários.
3.11. Estacionamento:
O estacionamento para automóveis dos visitantes e dos funcionários fica no subsolo do edifício, ocupando quatro pavimentos. A entrada e a saída localizam-se na rua General Jardim. Do estacionamento ao museu há acesso por escadas de alvenaria e elevadores (social e serviço). Também conta com acesso às escadas de emergência.
4.1. Contra incêndio:
Deve haver duas escadarias de incêndio com acesso por todos os andares, inclusive do subsolo, com saída para o pátio interno ajardinado e também com a possibilidade de saída para o hall principal. Elas atendem às áreas de maior circulação: praça, exposição permanente, exposições temporárias, apoio ao acervo, acervo, dois auditórios, apoio técnico, administração e infra-estrutura.
4.2. Ao patrimônio:
Todo o museu será monitorado com câmeras internas e sistema contra roubo de objetos de pequeno porte nas saídas. Além disso, contará com vigilantes nos principais acessos.
As áreas verdes na forma de canteiros estão próximas à entrada principal, com arbustos e forrações. No pátio central, há gramado, flores e arbustos de sombra. Na praça, há vasos com arbustos próximos à entrada de luz natural.
Acreditamos que e existência de um museu de arquitetura na cidade de São Paulo seja realmente necessária devido ao fato de ser esta uma cidade cuja significação maior é constituída por seu conjunto urbanístico e arquitetônico. Contudo, sabemos que, para que isso ocorra, é preciso que haja iniciativas públicas e privadas que fomentem a construção e a manutenção de um museu desse porte, afinal, idéias e propostas para que isso aconteça já é uma realidade.
CANEVACCI, Massimo. A cidade polifônica – Ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana. São Paulo, Studio Nobel, 1993.
LAUB, Michel "A utopia do convívio" – entrevista com Paulo Mendes da Rocha, in: Bravo!, São Paulo, set. de 2003, p. 31.
MONTANER, Josep Maria. Museus para o século XXI, Barcelona, Editorial Gustavo Gili, 2000.
Agradecimentos:
A Denise Teixeira, pela elaboração dos croquis e do projeto no AutoCad.Aos professores Paulo Bruna, Lúcio Gomes Machado e Mônica Junqueira, pelas orientações.
Autor:
Lúcia de Fátima do Vale
A articulista é Doutoranda na FAU/USP e Monitora de História da Arte na FAU/USP.
Lingüista e professora de Literatura no Colégio Santa Clara, em São Paulo; Mestre em Língua Portuguesa pela PUC/SP, doutoranda na área "Projeto, Espaço e Cultura", e História da Arte pela FAU-USP. Doutorada em Arquitetura (USP). Artista plástica.
Fonte: Revista Museu
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