Mensagens subliminares em anúncios de revistas em quadrinhos



  1. Décadas de 40 e 70
  2. O que se estabelece a partir dos anos 90
  3. Considerações finais
  4. Referências bibliográficas

Jornalista e professor universitário. Além de ser especialista em Teorias e Técnicas da Comunicação e mestre em Comunicação e Mercado, ele também é colecionador de revistas, "gibis" e de outros produtos oriundos da Indústria Cultural, por isso um entusiasta das discussões sobre essa área.

Esta é uma análise que pretende descrever e comparar anúncios de revistas em quadrinhos de super-heróis de três épocas distintas. Para um estudo descritivo preliminar de peças publicitárias dos anos 40, 70 e 90, publicadas nas próprias revistas em quadrinhos brasileiras, foi necessária uma descrição detalhada desses próprios anúncios. Neste sentido, foram realizadas análises baseadas na Teoria da Comunicação Subliminar e na Midiologia, por meio das quais foram des-critas, principalmente, formas, cores e técnicas publicitárias utilizadas na criação e no desenvolvimento das peças e das campanhas.

É sabido que a criação publicitária sofre, de época em época, algumas influências, principalmente no comportamento do consumidor. Por isso, quando comparamos anúncios publicitários de um mesmo produto, mas que foram publicados em décadas distantes, verificamos apelos e enfoques completamente diferentes. é claro que o desenvolvimento das técnicas e teorias publicitárias, midiáticas, psicológicas e mercadológicas também contam nas abordagens de cada época.

O uso sutil e subliminar de formas e cores para aproximar personagens (super-heróis) de seus leitores não é uma prerrogativa atual. Personagens norte-americanos publicados no Brasil como Homem-Aranha, Super-Homem e outros sofreram tratamentos diferentes nos períodos enfocados, os quais referem-se, principalmente, ao nível de conhecimento do público sobre os personagens, determinando as técnicas publicitárias usadas nos anúncios.

DÉCADAS DE 40 E 70

Quando surgiram no Brasil, por volta de 1930, as revistas de histórias em quadrinhos ainda eram um produto exclusivo de crianças e pré-adolescentes, ainda que muitas vezes consideradas nocivas ao bom comportamento e no desenvolvimento da maturidade. Entre as décadas de 30 e 60 aproximadamente o tratamento dado para os anúncios (quando existiam) de revistas em quadrinhos era muito primário e diversificado, pois a maioria das revistas publicava histórias de mais de um personagem.

No anúncio veiculado pela Editora Brasil-América (EBAL) na revista Superman, no 2, em dezembro de 1947, no qual está divulgando o Almanaque dos Heróis de 1948, o recorte é simples, "apresentando" os personagens cujas histórias faziam parte da revista. Como se percebe, somente os desenhos dos rostos dos "heróis" são mostrados e de forma tão homogênea que apenas pequenos índices, tais como chapéus, cabelos loiros ou morenos apontam, ainda de forma duvidosa, o personagem.

No centro, um escudo em brasão (heráldica) de cor vermelha com o título da revista em branco simbolizando a própria idéia de "herói". A imagem de um escudo em brasão nos remete á idéia de "cavalaria medieval" ou heróis do cinema hollywoodiano por meio de filmes tais como "Robin Hood", "Ivanhoé" ou "O Rei Arthur", ou até mesmo dos distintivos de policiais norte-americanos, os quais na década de 40, particularmente, participavam do imaginário coletivo da criança e do jovem brasileiros. Loiros, loiras e ruivas enxertam o quadro - figuras muito afastadas da miscigenação tupiniquim. Ainda, no pequeno texto desse anúncio a frase de apelo: "O BIG-SHOW DO FIM DO ANO!", remetendo, novamente, ao "anglicismo" e "americanismo" regentes na época.

As cores primárias utilizadas, particularmente o azul e predominantemente o vermelho, reforçam aspectos psicológicos e físicos. O azul, cor fria e de baixas ondas (450 nanômetros) possui o papel de relaxar, enquanto que o vermelho, cor quente e de ondas longas (760 nanômetros) "acelera o batimento cardíaco e eleva a pressão sangüínea"(1) . A utilização do azul, neste caso, serve então para diminuir o efeito de ansiedade do vermelho, o qual, no entanto predomina. A utilização alternada dessas cores, como veremos adiante, parece ser comum entre os anúncios de revistas em quadrinhos de heróis e super-heróis, assim como estão nos próprios uniformes usados por eles.

Poucas vezes (na verdade um número tão ínfimo que não serve nem para estatísticas para cálculo de mídia) os anúncios de personagens dos quadrinhos saíram publicados em outras mídias que não as próprias revistas em quadrinhos (com poucas exceções, como na década de 70 quando a Rio-Gráfica anunciou sua revista Kripta na TV Globo). Foi assim desde o princípio e ainda continua sendo. Por exemplo, na década de 70, quando as quatro maiores editoras da época - Abril, EBAL, Bloch e Rio Gráfica - dividiam a maior parte desse filão no mercado, os anúncios serviam para apresentar ao público os títulos que possuíam.


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