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A construção de uma escola inclusiva (página 2)

Graziela Alves

O professor que enfatiza o fracasso da outra pessoa, que é indiferente, não pode ser chamado de educador. Não se deseja de forma alguma, dizer que ser professor é fácil ou de que ter crianças totalmente diversas e com necessidades especiais em sala é tranqüilo fácil de trabalhar, que todos sabem lidar perfeitamente, não é isso. Mas o que não se pode aceitar é o docente que se deixa abater diante das dificuldades, que não busca ajuda, esse sim é um fracassado, pois prefere o erro (e muitas vezes bitolar e acabar com a vida de uma criança) do que ter a humildade de pedir ajuda. 

A vontade de vencer deve ser maior que o medo de fracassar. Ninguém vence sozinho. Ninguém nasce sabendo as coisas, tudo se aprende e não se deve nunca perder a esperança, confiança e tranqüilidade, bem como já dizia Che Guevara "Tenemos que ser fuertes, pero jamais perder la ternura"

Segundo Aranha,2004:

"Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades"

Na verdade, a escola que inclui é aquela que além de oferecer o acesso das crianças portadoras de necessidades especiais e de outras pessoas que de alguma forma sofrem algum preconceito (índio, negro, o estrangeiro, etc.), é aquela que garante a permanência e o sucesso dos alunos. Isso é um desafio constante a todos.

A construção de uma escola inclusiva de sucesso, só pode ocorrer se anteriormente existir educação, sociedade, família, mentes inclusivas, caso contrário o que se aprende e constrói na escola pode ser perdido com facilidade nos demais ambientes de convívio social, porque "O que nos faz semelhantes ou mais humanos são as diferenças" (GOMES, Nilma Lino)

 http://www.ensinoafrobrasil.org.br/portal/

O sucesso de toda escola só acontece quando há a participação e a integração de todos os envolvidos no processo educacional: docentes, direção, orientação, pais, alunos, políticos empenhados, e toda a comunidade em geral. Para nortear esses trabalhos faz-se necessário ter objetivos bem claros, políticas públicas definidas e acessíveis, projeto político pedagógico que condiz com a realidade, fundamentação teórica relacionada com a prática (materialismo dialético), pois "Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de rejeição" www.portoalegre.rs.gov.br./smed)

O processo de avaliação deverá ser todo reformulado também, ao se lidar com crianças com deficiências, não se pode julgar todos iguais, cada qual tem seus talentos, suas habilidades e capacidades próprias; e trabalhá-las, desenvolvê-las é o mais importante do que um simples número que restringe, bitola e constrange uma pessoa.

A legislação é bem clara quando relata que se deve oferecer estudo gratuito a todas as crianças de 0 a 14 anos, mas o que ocorre muitas vezes é os pais (principalmente de pessoas com necessidades especiais) não saberem disso, de que tem o direito de colocar seus filhos na escola. Cabe não só aos pais a responsabilidade de procurar matrícula, mas também da escola e da comunidade, reconhecer e ir á busca dessas crianças e levá-las a escola.

Conforme Aranha (2004) pontua:

"Quando a família dispõe de meios efetivos de participação ativa e regular na vida da escola, gradativamente constrói a consciência de que a escola é um bem público que também é seu"

A avaliação (já citada), bem como, a proposta pedagógica deve ser estudada, reinventada, deve haver flexões curriculares para atender  todo o público escolar.

Enfim, uma escola inclusiva ideal requer muitas coisas, segundo Aranha (2004) pensa:

"A escola que pretende ser inclusiva deve se planejar para gradativamente implementar as adequações necessárias, para garantir o acesso de alunos com necessidades educacionais especiais á aprendizagem e ao conhecimento.

            Para a construção de uma escola inclusiva, primeiramente é importante que o município tenha elaborado e em funcionamento o Plano Municipal de Educação, pois sem planejamento é praticamente impossível estabelecer prioridades e necessidades reais do município e das escolas.

             Para Aranha, 2004:

"O Plano Municipal de Educação, portanto, deve ser um instrumento construído coletivamente, a partir da ampla consulta á população em geral, e á comunidade acadêmica, em particular. Deve ser avaliado continuamente, reajustado e divulgado, á medida que avanços ocorram no alcance das

            O Plano Municipal de Educação deve ter por base o Plano Nacional e Estadual de Educação, só a partir dos conhecimentos destes, que o do município pode ser construído. Cada cidade tem até o ano de 2010 para ter seu Plano Municipal de Educação elaborado.

            Com este Plano maior e melhores ações podem ser planejadas, prevenidas, desenvolvidas. O município terá todo um levantamento da real situação da educação na cidade. Segue a seguir algumas informações que o município poderá obter com o Plano: mapeamento das crianças de 0 a 14 anos freqüentando ou não a escola, informações sobre alunos com necessidades especiais nesta faixa etária, quais adequações físicas ainda são necessárias nas escolas, qual o apoio técnico e pedagógico que os professores recebem programa de formação continuada para professores, processo de avaliação, entre outros.

            Percebe-se que não é tarefa fácil construir e colocar em prática uma escola inclusiva. Muitas unidades escolares apenas integram os alunos com deficiência, mas isso não é ser uma escola inclusiva. A inclusão requer muito mais. A verdadeira inclusão só ocorre quando se consegue remover todas as barreiras existentes: preconceitos, pré-conceitos, medo, comodismo,...

            A escola inclusiva quer acabar com os rótulos de que a criança com deficiência necessita de uma escola paternalista, assistencial, que as trate como incapazes ou limitados.

            Sobre isso, Monte e Santos (2004) dizem que:

"A inclusão está fundada na dimensão humana e sociocultural que procura enfatizar formas de interação positivas, possibilidades, apoio ás dificuldades e acolhimento das necessidades dessas pessoas, tendo como ponto de partida a escuta dos alunos, pais e comunidade escolar".

          "A pedagogia adotada na escola inclusiva deve ser a pedagogia voltada á criança como um todo. "A escola deve buscar refletir sobre sua prática, questionar seu projeto pedagógico e verificar se ele está voltado para diversidade"

            Percebe-se que aqui não se está falando em tratar as crianças como diferentes, melhores ou piores umas que as outras, mas sim da necessidade da escola conhecer a diversidade com que trabalha para que realmente possa desenvolver um bom trabalho, que atinja a todos, sem ser excludente. Também não se deseja a uniformização das crianças, ou seja, que sejam todas consideradas iguais, pois cada ser é uno, e merece ser tratado como ser especial, realmente único como é. Nesse processo objetiva-se apenas a inclusão de todos, e esta deve ocorrer não só na escola mas em toda a vida social da pessoa.

            Assim, Gil  (1997) comenta:

"é importante que o professor e toda a comunidade escolar (diretor, funcionários, alunos) se lembrem de que todo aluno pode, a seu modo e respeitando seu tempo, beneficiar-se de programas educacionais, desde que tenha oportunidades adequadas para desenvolver sua potencialidade".

 

 

Autor:

Graziela ALVES

grazialves[arroba]ibest.com.br

Licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e Pós-Graduada em Práticas Pedagógicas Inovadoras com Enfoques Multidisciplinares no Ensino Fundamental e Médio pela Faculdade de Educação de Joinville - FEJ, graduanda em Educação Especial e Práticas Inclusivas pelas Faculdades Integradas da rede Univest  e Diretora Geral de Educação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São João Batista.



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