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O papel da família no processo de inclusão das pessoas com deficiências (página 2)

Graziela Alves

O que ocorria há alguns anos era que alguns "médicos", (entre aspas mesmo, pois nem poderiam ser assim chamados), descreviam aos pais um pré-diagnóstico para a vida inteira da criança, diziam de suas limitações com total segurança, desestimulando dessa forma os pais a procurarem ajuda. Eles acabavam se conformando que a criança tinha limites muito claros (ditos pelo médico) e que não adiantava investir no filho (a). Felizmente, hoje, dificilmente encontra-se esse tipo de "profissional", pelo contrário o que se vê é a cada dia mais, pessoas de diversas áreas dispostas a estudarem e buscarem soluções para tornar a vida das pessoas com necessidades especiais cada dia mais próxima da dita "normal".

A ajuda das diversas entidades (APAE, grupos de apoio a pais de crianças com necessidades, psicólogas, etc) é de extrema importáncia para a família que se vê perdida ao saber da chegada de uma criança especial, muitas vezes o pai se afasta um pouco, as demais crianças da família sentem ciúme dos pais por eles terem (e com certeza) que se dedicarem mais ao cuidado do bebe especial, não por amá-lo mais que os outros filhos, mas porque muitas vezes requer realmente mais cuidados e atenção. Dessa forma muitas mães ficam sobrecarregadas de tarefas, acaba ficando depressiva, estressada, sob pressão constantemente.

A mãe tem que cuidar da casa, dos demais filhos, às vezes tem que trabalhar fora, tem que acompanhar o filho (a), e todos sabem que um filho assim requer visitas constantes a fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicólogo, médico, entre outros profissionais que às vezes faz-se necessário. Não se está querendo generalizar dizendo que todas as crianças com necessidades precisam de todos esses profissionais para atendê-los, mas com certeza a procura por ajuda de outras pessoas e profissionais é maior do que uma pessoa aparentemente saudável precise com tanta freqüência.

Assim, Aranha (2004) afirma:

"No entanto, "[....] Tudo isso pode ser transformado, se a família contar com um suporte terapêutico, onde deve ser trabalhado os sentimentos de cada segmento familiar e os padrões de relacionamento entre eles".

Pontua-se a releváncia de uma família unida, participativa, que realmente deseje o sucesso familiar, principalmente nos casos de crianças portadores de necessidades. Outro ponto importante aos pais é tentar tratar o filho (a) especial de maneira mais normal possível, deixando-o (a) que cresça naturalmente, que amadureça, crie responsabilidade, tenha noção dos direitos e deveres, do que é permito ou proibido. Essas noções são de extrema importáncia para a formação cidadã do indivíduo. Pois não é o fato de a pessoa possuir uma limitação que deverá ser tratado eternamente como um dependente, um "bebezão". Muitos pais erram justamente nesse ponto, nunca imaginam que seus filhos crescem e passam por todas (ou quase todas) delícias e frustrações da infáncia, adolescência, juventude, vida adulta,etc.

Anteriormente foi citada a situação de sentimento de abandono que os demais filho do casal que possui criança especial passa e sentem, ainda sobre isso é preciso dizer, que os pais realmente às vezes erram, dedicam-se só ao filho portador de necessidade e acabam "esquecendo" de dar atenção adequada aos outros, não que eles façam isso por querer, mais é uma situação que pode ocorrer e que os pais tem que observar com bastante carinho, para não trazer problemas futuros para a família e principalmente à personalidade dessa criança.

 INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS: UM NOVO OLHAR

Ultimamente vêm-se discutindo o processo de inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade e na vida escolar. Há não muito tempo, essas pessoas que "fugiam do padrão comum" viviam segregadas da vida social, eram tidas como anormais, sem nenhuma capacidade intelectual, espiritual, física, psíquica, etc. Eram rotuladas como incapazes de terem uma vida saudável e comum ao meio de todos. "As deficiências não são fenômenos dos nossos dias. Sempre existiram e existirão" (CARVALHO, 1997).

O preconceito e a discriminação sempre fizeram e ainda fazem parte da vida dessas pessoas com deficiências. Deseja-se mostrar a importáncia da família, da escola, da comunidade, do município, etc. para o desenvolvimento dessas pessoas portadoras de necessidades especiais.

Há muitos séculos era comum termos essas pessoas com deficiências trabalhando como bufões de reis, palhaços em circo, enfim eram motivos de chacota e graça para os "normais"; eram tidos como monstros, demônios, aberrações da natureza. As famílias que tinham filhos com alguma necessidade especial eram mal vistas na sociedade, tinham em suas mentes que o fato de terem um filho fora do padrão estipulado, pudesse ser um castigo de Deus ou dos deuses. E quando não eram mortas assim que nasciam simplesmente viviam escondidas, não podendo ver a cor do sol.  Freqüentar uma unidade escolar então era quase que impossível. "Quanto aos filhos de sujeitos sem valor e aos que foram mal constituídos de nascença, as autoridades os esconderão, como convém, num lugar secreto que não deve ser divulgado", (PLATÃO apud CARVALHO, 1997)

Segundo Sêneca apud Carvalho, 1997:

"Nós matamos os cães danados, os touros ferozes e indomáveis, degolamos as ovelhas doentes com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos: mesmo as crianças, se forem débeis ou anormais, nós a afogamos: não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las".

Infelizmente em pleno século XXI não se pode ainda dizer que isso não existe, pois existe sim infelizmente. Talvez o preconceito e discriminação sejam um pouco mais sutis, mas que não deixam de marcar fortemente a personalidade e a alma dessas crianças. No entanto, muito se tem feito para acabar, ou ao menos, amenizar tais situações, mas ainda há muito a ser feito. A verdadeira e almejada igualdade entre todos está longe de acontecer. Mas felizmente existem pessoas cada vez mais preocupadas com isso, principalmente na área educacional, área esta, de extrema releváncia para a formação de cidadãos mais críticos, que sejam capazes de tratar as diferenças de forma natural e porque não dizer: igual.

A caminhada ainda é lenta, mas nunca é tarde para buscar-se a igualdade e mais que isso: o respeito. Não existe pessoa melhor nem pior, existem apenas pessoas diferentes.

Como pontua Nelson Mandela:

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."

Verifica-se que existiam e ainda perdura entre os dias atuais uma gama de nomenclaturas que tentam identificar as pessoas portadoras de necessidades. A cada época vivenciada, conforme o regime adotado, ou a política educacional seguida, essas crianças eram chamadas de diferentes formas: o retardado, o diferente, o burro, o débil, o tolo, o deficiente, o portador de necessidade, o anormal, etc.

Entretanto o estudo não ficará por demais atido a essas nomenclaturas, que na verdade só tentam a cada dia amenizar o nível de grosseria na forma de identificá-los, mas que de certa forma ainda os rotula. Acredita-se que o simples fato de dar-se um nome ou definição a essas pessoas com deficiências já seria uma forma de diferenciá-los e excluídos. No entanto, não se pode negar que se faz necessário uma definição, não como forma de exclusão, e sim como uma maneira de identificá-los no estudo. Procurar-se-á utilizar os termos: pessoas com necessidades especiais; pessoas com deficiências, pessoas portadoras de necessidades especiais e/ou pessoas portadoras de necessidades educativas especiais,...

Segue-se a seguir algumas terminologias, definições:

Deficiente: Falho, imperfeito. Quem sofre de alguma deficiência.

(Ximenes, 2000)

Anormal: que não segue a norma ou o padrão; irregular, anômalo. Que (m) apresenta deficiência física ou mental. (Ximenes, 2000)

Retardado: que se retardou, (indivíduo) que tem desenvolvimento mental inferior ao normal, para sua idade. (Ximenes, 2000)

Nota-se nos conceitos supra citados certo nível de preconceito e exclusão em suas definições. Na verdade, o que mais importa não é a nomenclatura dada e sim a maneira como essas pessoas são tratadas.

 

 

Autor:

Graziela Alves

grazialves[arroba]ibest.com.br

Licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e Pós-Graduada em Práticas Pedagógicas Inovadoras com Enfoques Multidisciplinares no Ensino Fundamental e Médio pela Faculdade de Educação de Joinville - FEJ, graduanda em Educação Especial e Práticas Inclusivas pelas Faculdades Integradas da rede Univest  e Diretora Geral de Educação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de São João Batista.



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