Verifica-se atualmente diversas discussões a cerca dos temas que envolve a questão das pessoas com necessidades especiais, tais discussões pautam-se no sentido de definir quais as responsabilidades da família, da escola, do governo, da sociedade, etc. para que realmente possa haver a inclusão dessas pessoas em todos os ambientes e atividades da vida social e escolar.
Deve-se no entanto, ter como objetivo a busca por uma reflexão dos diversos seguimentos da sociedade para a necessidade cada vez mais forte de tratarmos melhor as pessoas portadoras de necessidades especiais, fazendo com que elas possam ter valorizadas suas habilidades, proporcionando o resgate da criança-cidadã, buscando assim, através de um diagnóstico um caminho para o seu despertar na vida social.
Almeja-se que realmente a sociedade possa tomar mais consciência do valor das pessoas com deficiências, e que a prática possa ser mera conseqüência da teoria e vice versa, pois a teoria sem a prática é morta. O discurso não tem valor quando não é posto em prática. Não se deseja que se venha a tratar todos iguais, até mesmo pelo fato de que somos "unos", e todos possuem diferenças, independente de serem ou não portador de necessidades especiais. Faz-se necessário desenvolver a valorização, a motivação e auto-estima, envolvendo a família que muitas vezes se mostra ausente, perdida. Mas o que faz a maior diferença neste processo é a paciência, o amor, o apoio, a interação e o encorajamento prestado pelo educador, família e comunidade, pois com certeza serão estes atos, os responsáveis pelo sucesso destas crianças, abrindo-lhes novos caminhos.
Ultimamente vêm-se discutindo o processo de inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais na sociedade e na vida escolar. Há não muito tempo, essas pessoas que "fugiam do padrão comum" viviam segregadas da vida social, eram tidas como anormais, sem nenhuma capacidade intelectual, espiritual, física, psíquica, etc. Eram rotuladas como incapazes de terem uma vida saudável e comum ao meio de todos, assim era Ritinha. "As deficiências não são fenômenos dos nossos dias. Sempre existiram e existirão" (CARVALHO, 1997).
O preconceito e a discriminação sempre fizeram e ainda fazem parte da vida dessas pessoas com deficiências. Deseja-se mostrar a importáncia da família, da escola, da comunidade, do município, etc. para o desenvolvimento dessas pessoas portadoras de necessidades especiais.
Há muitos séculos era comum termos essas pessoas com deficiências trabalhando como bufões de reis, palhaços em circo, enfim eram motivos de chacota e graça para os "normais"; eram tidos como monstros, demônios, aberrações da natureza. As famílias que tinham filhos com alguma necessidade especial eram mal vistas na sociedade, tinham em suas mentes que o fato de terem um filho fora do padrão estipulado, pudesse ser um castigo de Deus ou dos deuses. E quando não eram mortas assim que nasciam simplesmente viviam escondidas, não podendo ver a cor do sol. Freqüentar uma unidade escolar então era quase que impossível. "Quanto aos filhos de sujeitos sem valor e aos que foram mal constituídos de nascença, as autoridades os esconderão, como convém, num lugar secreto que não deve ser divulgado", (PLATÃO apud CARVALHO, 1997)
Segundo Sêneca apud Carvalho, 1997:
"Nós matamos os cães danados, os touros ferozes e indomáveis, degolamos as ovelhas doentes com medo que infectem o rebanho, asfixiamos os recém-nascidos mal constituídos: mesmo as crianças, se forem débeis ou anormais, nós a afogamos: não se trata de ódio, mas da razão que nos convida a separar das partes sãs aquelas que podem corrompê-las".
Infelizmente em pleno século XXI não se pode ainda dizer que isso não existe, pois existe sim infelizmente. Talvez o preconceito e discriminação sejam um pouco mais sutis, mas que não deixam de marcar fortemente a personalidade e a alma dessas crianças. No entanto, muito se tem feito para acabar, ou ao menos, amenizar tais situações, mas ainda há muito a ser feito.
A verdadeira e almejada igualdade entre todos está longe de acontecer. Mas felizmente existem pessoas cada vez mais preocupadas com isso, principalmente na área educacional, área esta, de extrema releváncia para a formação de cidadãos mais críticos, que sejam capazes de tratar as diferenças de forma natural e porque não dizer: igual. Conforme Omote apud Ceccim: "As pessoas com deficiências fazem parte integralmente e indissociável da sociedade".
A caminhada ainda é lenta, mas nunca é tarde para buscar-se a igualdade e mais que isso: o respeito. Não existe pessoa melhor nem pior, existem apenas pessoas diferentes.
Como pontua Nelson Mandela:
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."
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