Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 


A Felicidade existe? (página 2)

Raymundo de Lima

Sujeito x felicidade

Para Freud, o desejo é o que põe em movimento o aparelho psíquico e o orienta segundo a percepção do agradável e do desagradável. O desejo nasce da zona erógena do corpo, e sem se reduzir ao corpo (soma) somente pode se satisfazer apenas parcialmente. Como já foi dito, ele realiza-se no movimento de querer-mais-e-mais. Como formula Lacan, "O  desejo é sempre o desejo de um outro desejo". O desejo humano é algo sempre adiado, é intervalar. O desejo vive de sua insatisfação, resguardada esta estranha função: a função de insatisfação" (MASOTTA, 193: 83-4 – grifo nosso).

O desejo jamais é satisfeito porque tem origem e sustentação da falta essencial que habita o ser humano, daquilo que jamais será preenchido e, por isso mesmo o faz sofrer, mas também o impulsiona para buscar realização – ou satisfação parcial – no mundo objetivo ou na sua própria subjetividade (sonhos, artes, projetos utópicos, fé no absoluto, etc). O que entendemos por sujeito é construído desse circuito onde a libido sempre tem um excesso que sustenta o movimento desejante. O sujeito em psicanálise é dividido; o sujeito não é o in-divíduo (ver nota de rodapé n. 2). Com o sujeito, faz surgir uma história com seus atos de melhoria e transformação. "É pela ação de assimilar o objeto que o homem se vê como oposto ao mundo exterior. O primeiro desejo é um desejo sensual: o desejo de comer, por exemplo, através do qual o homem procura suprimir ou transformar o objeto assimilando-o"(GARCIA-ROZA,1983: 141).

A afirmação freudiana que diz que "o mundo é movido pela fome e pelo amor" também traz sérias conseqüências práticas, para além da biologia, da psicologia, da política, etc. Somente um pensamento complexo que está por ser inventado poderá dar conta dessa questão. Evidentemente, o sujeito humano sempre buscou, para si e para todos, primeiro, a sobrevivência física e, depois, a realização de alguns projetos para além da necessidade, representados pelos sonhos, a arte e os projetos políticos utópicos[8]. Entretanto, é preciso reconhecer que é na dimensão onírica que o desejo se realiza, por meio do disfarce. Só assim ele pode ser feliz. Porque, na dimensão concreta da realidade, jamais o sujeito poderá conquistar a felicidade. A realidade do mundo, dos acontecimentos e dos fatos, sempre frustra nossa capacidade desejante de preenchimento ou a sensação de ser feliz. 

Portanto, não podemos associar a satisfação das necessidades com a felicidade. A arte, a política, a fé religiosa ou laica, prometem, mas não cumprem a aspiração de proporcionar felicidade ‘realista’ao ser humano, porque ele está a priori condenado a insatisfação, a angústia e deve se contentar apenas com os momentos de satisfação parcial ou realização ilusória. Talvez, o sujeito humano pudesse estar mais próximo da felicidade quando sonha ou elabora projetos de uma vida feliz. Desde Agostinho, passando por Leibniz, e Spinoza, a falta essencial está associada ao "mal radical" do ser humano[9]. Não porque ele é um ser diabólico, mas porque é um ser eternamente propenso a buscar, buscar, buscar. Este estado de ‘mal-estar’ do ser humano fundou a cultura ou civilização. Imperfeita em todos os aspectos, esta civilização faz surgir movimentos diversos visando melhorá-la ou destruí-la, para reconstruí-la em outras bases. O mal-estar de nossa civilização nada mais é, segundo Freud, que o reconhecimento de que estamos condenados a uma economia libidinal baseada no mais-gozar. Enquanto a mais-valia sustenta a economia capitalista, em Marx, o mais-gozar sustenta a economia libidinal do sujeito, em Lacan. É na repetição que o sujeito goza. "E, enquanto goza, é feliz. É feliz tanto na ‘felicidade’ – passe a expressão – como na infelicidade, no bem como no mal, no prazer e na dor" (PEREIRINHA, 1997).

O desenvolvimento biotecnológico parece prometer uma felicidade que não se cumpre (vide o alto índice de depressivos, apesar do Prozac).

A psicanálise não ensina o sentido da vida, mas ao questionar sua história e suas escolhas, permite ao sujeito encontrar um sentido para sua vida, do que possa ser as felicidades possíveis, sendo ele o autor de sua própria história.

Embora pareça pessimista essa afirmação psicanalítica, não impede que continuamos tendo como meta de vida ser-feliz, não a maneira do desejo dos outros (Kant), que sempre estão prontos para nos empurrar sua filosofia, ciência, fé, ou ideologia política totalitária, fazendo de nossa vida um inferno.

A felicidade não pode ser produto de uma alienação, enganação ou delírio. Os recentes estudos sobre a felicidade apontam que ela será inventada por um sujeito que aprendeu a conhecer melhor a si próprio e o mundo em que vive. "Conhecer-se a si mesmo é uma grande valia para a felicidade, tanto para termos noção mais concreta de nossas potencialidades quanto para sabermos dos nossos defeitos" (DEMO, 2001).

O procedimento da auto-análise, sem dúvida, pode conduzir o sujeito para desenvolver a coragem de construir um estilo de vida com autocrítica e compromisso de melhorar alguns aspectos da própria vida e dos outros, também. Alguns estudos confirmam antigas sentenças filosóficas que já apontavam sobre o melhor caminho para a felicidade: o  altruísmo e a manutenção das amizades. ("Ninguém pode ser feliz sem amigos", dizia o velho Aristóteles. "As pessoas felizes de nossa época são aquelas que ajudam o próximo", conclui a pesquisa de A. Maslow). Em vez de ficar obsessivamente buscando "a" felicidade, deveríamos sustentar uma certa "alegria de viver"[10] no nosso próprio eu, e que pudesse ser irradiada para também animar o próximo. Seria uma "alegria que nasce da verdade" ou sabedoria[11].

Esta concepção sobre a "alegria de viver" aparece numa rara entrevista de Freud, no auge de usa trajetória como pensador e clínico. Diz ele:

"Setenta anos ensinaram-me a aceitar a vida com serena humildade (...) Não, eu não sou pessimista, não enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! Não sou infeliz – ao menos não mais infeliz que os outros".

_____________

[1] Citado por L. Flem, (1986, p. 163). (Tb. citado por L. Binswanger, em Analyse Esitentielle et Psychanalyse Freudienne, op. cit. 313).

[2] A psicanálise se refere ao "sujeito" e não do "indivíduo" (da sociologia, por exemplo). "Ou seja, o sujeito, na sua condição de "sujeito dividido", pode ser feliz, o que não acontece ao "indivíduo". Quando Lacan diz que "o sujeito é feliz, percebe-se facilmente que não se trata do indivíduo. A tal ponto que, servindo-me outra vez das palavras de Jean-Pierre Klotz, poderíamos dizer que "a felicidade do sujeito é a infelicidade do indivíduo". Eis uma possível formulação do que significa o tão apregoado ‘sujeito dividido’ em Lacan. No ponto mesmo em que o indivíduo sofre, o sujeito é feliz. Como acentua Jacques-Alain Miller, "quaisquer que sejam os seus infortúnios, ao nível do inconsciente ele é sempre feliz". Por conseguinte, o sujeito do inconsciente é feliz". (PEREIRINHA,  1997).

[3] A felicidade individual é ofertada pelos livros de auto-ajuda. A felicidade grupal é patrocinada pelos clubes de sado-masoquismo, prometida através das comunidades alternativas ("Eu quero uma casa no campo..."), dos diversos grupos religiosos, etc. A felicidade coletiva, talvez o melhor exemplo, criticado por Freud, seja a teoria marxista com seu projeto de uma sociedade comunista.

A seguir, extraímos alguns fragmentos de Freud onde critica o aspecto religioso e a concepção de felicidade do marxismo, notadamente do chamado socialismo real da ex-União Soviética. Freud escreve: "o marxismo teórico, a exemplo do bolchevismo russo, adquiriu a energia e o caráter autosuficiente de uma Weltanschauung,: contudo, adquiriu, ao mesmo tempo, uma sinistra semelhança com aquilo contra o que está lutando. Embora sendo originalmente uma parcela da ciência, e construído, em sua implementação, sobre a ciência e a tecnologia, criou uma proibição para o pensamento que é exatamente tão intolerante como o era a religião, no passado. Qualquer exame crítico do marxismo está proibido, dúvidas referentes à sua correção são punidas, do mesmo modo que uma heresia, em outras épocas, era punida pela Igreja Católica. Os escritos de Marx assumiram o lugar da Bíblia e do Alcorão, como fonte de revelação, embora não parecessem estar mais isentos de contradições e obscuridades do que esses antigos livros sagrados".

"Embora o marxismo prático tenha varrido impiedosamente todos os sistemas idealísticos e as ilusões, ele próprio desenvolveu ilusões que não são menos questionáveis e merecedoras de desaprovação do que as anteriores. Ele espera, no curso de algumas gerações, de tal modo alterar a natureza humana, que as pessoas viverão juntas quase sem atrito na nova ordem da sociedade [comunista] e que elas assumirão as tarefas do trabalho sem qualquer coerção. Nesse meio-tempo, ele muda para algum outro setor as restrições instintuais [pulsionais] que são essenciais na sociedade; desvia para o exterior as tendências agressivas que ameaçam todas as comunidades humanas e apóia-se na hostilidade do pobre contra o rico e na hostilidade daquele que até então esteve impotente contra os governantes anteriores. Mas uma transformação da natureza humana, como esta que pretende, é altamente improvável.(...) Exatamente da mesma forma como a religião, o bolchevismo deve também oferecer aos seus crentes determinadas compensações pelos sofrimentos e privações de sua vida atual, mediante promessas de um futuro melhor, em que não haverá mais qualquer necessidade insatisfeita. Esse paraíso, no entanto, tem de ser nesta vida, ser instituído sobre a terra a ser descerrado num tempo previsível. Convém lembrar, contudo, que também os judeus, cuja religião nada sabe de uma vida após a morte, esperavam a chegada de um Messias sobre a terra, e que a Idade Média cristã, muitas vezes, acreditava que o Reino de Deus estava próximo (...). [Portanto,] a força do marxismo está, evidentemente, não na sua visão [científica] da história ou nas profecias do futuro [da sociedade feliz](...), mas sim na arguta indicação da influência decisiva que as circunstâncias econômicas dos homens têm sobre as suas atitudes intelectuais, éticas e artísticas" (Freud, op. cit., p. 218-216 – grifo nosso).

Ainda, a propósito da felicidade coletiva, é preciso acrescentar que tanto os revolucionários ‘utópicos’ como os ‘científicos’ concebiam a felicidade no passado e no futuro. O presente existe apenas para relembrar ou para projetar a revolução socialista-comunista. A crença na felicidade estaria no passado, supostamente dominado pelo matriarcado ou pelo ‘comunismo primitivo’. Para o psicanalista, a ânsia de retorno à fusão com a mãe seria o fundamento psicológico, fundado um sistema igualitário, justo, feliz. Posta no futuro, a felicidade aparece em forma de realização do projeto de uma sociedade comunista  – onde, curiosamente, a dialética da história se estagnaria, o jogo da política se extinguiria – fazendo reinar entre os homens da terra a felicidade ‘proletária’, nunca antes conseguida na história da humanidade. No fundo, os revolucionários se acham no direito de obrigar todos a serem felizes de acordo com uma suposta felicidade ‘proletária’. Para Freud, trata-se de uma visão mítico-religiosa, que é influenciada pela concepção de um paraíso perdido, como crê as religiões. A abstração de uma felicidade conduzida pelo proletariado no poder estaria na contramão de I. Kant quando diz que "ninguém pode me obrigar a ser feliz a sua maneira". Porque, somente o proletariado – concebido como sem divisão de classe – forneceria o modelo "único", a forma definitiva, para todos serem felizes na simplicidade, fraternidade, igualdade e justiça.

[4] Por exemplo, "o olhar do pai, presente no fantasma, seria muito mais importante [para a constituição do sujeito] do que o próprio pai. O mesmo ocorre com o seio da mãe que amamenta o filho, o chicote manejado pelo professor que pune a criança ou o tato com o qual tortura a vítima (...). Ou seja, esses objetos do fantasma funcionam não apenas como objetos, mas também enquanto significantes. O próprio Freud, aliás, tinha destacado a grande sensibilidade de seu paciente [O homem dos ratos] a toda uma série de palavras, inclusive o fonema ‘rato’" (CHEMAMA, op. cit.: 71-2).

[5] "Gozo não é prazer, mas o estado que fica além do prazer; ou, para retomarmos os termos de Freud, ele é uma tensão, uma tensão excessiva, um máximo de tensão, ao passo que, inversamente, o prazer é um rebaixamento das tensões (...); o gozo ... alinha-se do lado da perda e do dispêndio, do esgotamento do corpo levado ao paroxismo de seu esforço". O termo "mais-gozar" proposto por Lacan, é inspirado na "mais-valia" de Marx. Por exemplo, a economia libidinal do neurótico o faz ‘mais-gozar’através do sonho, já que ele supõe o gozo do Outro como um gozo impossível, ao passo que o perverso o toma com realizável. Assim, para o neurótico é impossível imaginar a morte, a loucura, a felicidade suprema. Já o perverso não imagina o gozo, mas busca-o, persegue-o e julga ser possível captá-lo. Nasio, observa que "quando [o perverso] espreita atrás de uma árvore, o voyer quer captar o êxtase dos amantes, sem, no entanto, ter nenhuma imagem prévia na cabeça" (p.135).

[6] Na Carta a Meneceu, Epicuro baseia no prazer os alicerces da felicidade. Ele é "o princípio e o fim da vida bem aventurada". Não um prazer desbragado, evidentemente, mas comedido. "Quando falamos do prazer como um fim – avisa Epicuro – não falamos dos prazeres dos dissolutos ou daqueles que têm o gozo por residência – como o imaginam algumas pessoas que ignoram a doutrina, não concordam com ela, ou são vítimas de uma falsa interpretação – mas de alcançar o estádio em que não se sofre do corpo e não se está perturbado da alma." (apud Pereirinha, 1997).

[7] "Felicidade não existe... o que existe são os momentos felizes", parece não ser uma frase original do cantor brega, Odair José, mas de um obscuro pensador, Terrier (?).

[8] O homem se sustenta na existência porque cultiva utopias, diz E. Bloch. "Não nos livramos do desejo, a não ser nos enganando". Para este autor, esta seria uma "função utópica", que se encarregaria de afixar em cada realização crítica do "melhor", do "mais", em nome do possível. O homem não é um ser feliz, absolutamente; sua felicidade está na busca diária da felicidade. Este aguilhão o faz andar. Até à morte buscará a felicidade, certo de que foi apenas relativamente feliz e de que poderia ter sido muito mais feliz, guardando em si um desejo absoluto de felicidade". Ou seja, enquanto brilhar no ser humano a esperança a felicidade é possível, não como algo posto no futuro mas como algo que acontece no dia a dia, embora nem sempre consigamos aperceber ... (Demo, 1981: 188).

[9] Um belo estudo sobre esse assunto é de L.A. Garcia-Roza. O mal radical em Freud. Rio: Jorge Zahar, 1990.

[10] Lacan, numa entrevista a rádio francesa, assim teria respondido.   

[11] Comte-Sponville, A. 2001.

Bibliografia:

CHEMAMA, R. Dicionário de psicanálise. P. Alegre: Artes Médicas, 1995.

COMTE-SPONVILLE, A. A felicidade, desesperadamente. São Paulo: M. Fontes, 2001. 

DEMO, P. Metodologia científica em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1981.

________. Dialética da felicidade: felicidade possível. Petrópolis: v. 1. Vozes, 2001.

FLEM, L. A vida cotidiana de Freud e seus pacientes. Porto Alegre: L&PM, 1986.

FREUD, S. "O valor da vida" – Uma entrevista rara de Freud concedida a George Sylvester Viereck em 1926. In: Sigmund Freud e o gabinete do Dr. Lacan. São Paulo: Brasiliense, 1990, pp. 117-128.

________. A questão de uma Weltanschauung (Conferência XXXV). In: Edição Standard. Rio de Janeiro: Imago, 1974, p. 193-220. 

________. Psicanálise ‘silvestre’. In: Edição Standard. Rio de Janeiro: v. 11. Imago, 1974, p. 207-216.

________. O mal-estar  na civilização [1929]. In: Edição Standard. Rio de Janeiro: v. XXI. Imago, 1974, p. 81-178.

GARCIA-ROZA, L. A. O mal radical em Freud. Rio: Jorge Zahar, 1990.

________. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

JURANVILLE, A. Lacan e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar: 1987.

LACAN, J.  O seminário: mais ainda, livro 20. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

Masotta, O. "O comprovante da falta": lições de introdução à psicanálise. Campinas: Papirus, 1987.

MONZANI, L. R. "O suplemente e o excesso". In: Folha de S. Paulo-Folhetim. São Paulo: 31/08/86.

NASIO, J.-D.  Cinco lições sobre a teoria de Jaques Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

PEREIRINHA, F. A felicidade. Carta a ACF, n. 7, ago-set/1997. Acesso em 27/03/2006.

SCHOPENHAUER, A. O mundo como vontade e representação. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s.d.

 

Raymundo de Lima

Psicanalista, mestre em Psicologia Escolar (UGF) e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). professor do Depto. Fundamentos da Educação (DFE) da Universidade Estadual de Maringá (Pr), e voluntário do CVV-Samaritanos de Maringá (PR).

ray_lima[arroba]uol.com.br

Marta Dalla Torre Fregonezzi

Psicanalista, membro da Biblioteca Freudiana de Curitiba, fundadora do Ato: clínica e transmissão em psicanálise, também atende no serviço público municipal de saúde de Maringá, Pr.

Revista Espaço Acadêmico http://www.espacoacademico.com.br



 Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.