Responsabilidade Civil do Estado em decorrência da homologação de acordos judiciais

Enviado por Mário Paiva


  1. Introdução
  2. Resumo dos Fatos
  3. Do vínculo empregatício
  4. Da revelia
  5. Da assistência judiciária gratuita
  6. Da penhora de conta-salário
  7. Da homologação do acordo judicial
  8. Considerações finais

I- Introdução

Nos últimos anos temos observado duas questões interessantes. A primeira é a riqueza dos casos colocados pelos clientes no escritório de advocacia que levam ao surgimento de teses, jurisprudência, novas interpretações decorrentes do ajuizamento de ações na Justiça e a segunda questão é a de que o doutrinador moderno a nosso ver tem que aproximar-se da realidade para poder elaborar ensaios instrumentais que proporcionem ao leitor caminhos e soluções possíveis, práticas e utilitárias em seu dia-a-dia que visem o aprimoramento efetivo do direito e das relações jurídicas.
Porém, para isso, é preciso que o mesmo vivencie o processo como advogado, juiz ou promotor e a partir desta experimentação passe a confeccionar arcabouços jurídicos capazes de direcionar melhor os caminhos a serem percorridos pelas partes e profissionais do direito envolvidos para a criação de uma Justiça mais rápida e eficaz. Sendo assim cabe ao profissional que deseje escrever participar efetivamente do processo.
Dando continuidade a esta idéia resolvemos escrever sobre alguns casos concretos para que possamos aprimorar as relações judiciais criando mecanismos de controle aliado a figuras jurídicas que permitam o melhor desenvolvimento e correção dos processos.
O caso relatado a seguir nos chamou atenção pela gravidade e pela falta de sensibilidade do juízo pois a reclamada no processo tratava-se de deficiente visual que recebe benefício de seu ex-marido já falecido e que não possuía nenhuma outra fonte de renda e muito menos tinha em seu nome qualquer propriedade declarando desde o início ser pobre no sentido da lei o que deveria ter sido levado em conta pelo juízo desde o início e ante da tomada de qualquer medida constritiva de direito.

II-Resumo dos Fatos

Na reclamação trabalhista, o reclamante alegou ter trabalhado para a reclamada, no período de aproximadamente dois anos, como caseiro. Informando ser o trabalho remunerado com apenas R$ 30,00 mensais. Perante tal situação, o reclamante pediu todas as verbas resilitórias, diferenças salariais e a assinatura da CTPS.
Na audiência de instrução, verificou-se a ausência da reclamada, sendo, portanto, declarada pelo Juiz, a sua revelia. Durante o depoimento do reclamante, este alegou, contraditoriamente a inicial que recebia de R$ 10,00 a R$ 30,00 mensais a título de salário. Informou ainda que a casa em reforma não era habitada por ninguém e que fazia serviços eventuais na vizinhança. Diante do exposto, com a finalidade de sustentar-se, vendeu algumas fechaduras que se encontravam na residência da reclamada e, esta por sua vez, resolveu demiti-lo.
Em sentença, o juiz condenou a reclamada a pagar os valores correspondentes ao reconhecimento do vínculo empregatício. No entanto, julgou improcedente o pagamento das verbas resilitórias ao reconhecer a demissão por justa causa, pedindo então a liquidação dos valores e dos direitos reconhecidos na sentença.
No prazo legal, a advogada da reclamada interpôs Recurso Ordinário alegando ser a sua cliente dependente de benefício previdenciário deixado pelo marido, além de ter declarado ser pobre no sentido da lei. Observando que a recorrente fez apenas uma caridade em acolher, para moradia, o reclamante, no imóvel do filho.

 


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