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ATO JURÍDICO SOLENE - forma da substância do ato.
Definição de casamento por Lafayette Rodrigues Pereira:
"O casamento é o ato solene pelo qual duas pessoas de sexo diferente
se unem para sempre a promessa recíproca de fidelidade no amor e da mais
estreita comunhão de vida".
Para os romanos o casamento era uma situação de fato com base
na affectio maritalis.
A doutrina moderna valoriza a interferência do Estado e no dizer de Barassi
é um contrato de adesão, um ato administrativo segundo Cicu, um
ato jurídico complexo para De Ruggiero e ato-condição para
Léon Duguit.
No direito brasileiro, a natureza contratual do casamento é admitida
por Pontes de Miranda, para Eduardo Espínola trata-se de um contrato
de natureza particular (contrato de direto de família).
O casamento não se limita a ter efeitos econômicos, criando outros
deveres jurídicos sem conteúdo patrimonial para o casal.
Arnoldo Wald, conceitua o casamento como ato jurídico complexo e solene
sem natureza contratual.
Quanto à formação do ato, o casamento, a participação
da autoridade pública não é elemento essencial, mas o consentimento
dos nubentes.
A concepção contratual do casamento advém do direito canônico
que valoriza o consentimento dos nubentes, traçando-lhe a exigência
de haver de forma mutua e inequívoca.
A escola do Direito Natural acolheu a concepção contratual do
casamento, como sendo contrato civil, e daí defluiu a concepção
do Código de Napoleão.
Lafayette se insurgiu contra a visão contratualista do casamento. E junto
com Vassali definiu-o como ato jurídico complexo e solene.
A visto como instituição já dentro da égide publicista.
Sendo um órgão dotado de certa estabilidade para determinados
fins, independente das pessoas que constituem, e cujas atividades obedecem a
regulamento próprio.
Duguit considera o casamento como ato-condição que se configura
numa declaração de vontade que põe o declarante numa situação
jurídica impessoal.
Como negócio jurídico para constituição da família
legitima; sendo um ato pessoal dos nubentes, um ato civil e solene.
Trata-se de contrato com feições especiais tendo em vista seus
pré-requisitos (como capacidade dos nubentes, os vícios de condimentos)
e, seus efeitos.
A doutrina francesa anticontratualista (Marty e Rayneaud) inclina-se para teoria
da instituição pois o estado matrimonial se define num estatuto
imperativo pré-organizado, ao qual aderem os que se casam.
A doutrina contemporânea mais paciente focaliza no casamento um instituto
de natureza híbrida contrato na formação, instituição
em seu conteúdo.
*NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO
*ATO PESSOAL
*ATO JURÍDICO COMPLEXO, CIVIL, SOLENE
ATO-CONDIÇÃO DE ADESÃO
* NEGÓCIO JURÍDICO CONTRATO PARTICULAR
* INSTITUIÇÃO
Os publicistas liderados por Duguit definem o casamento, do mesmo modo que adoção
e a naturalização como ato voluntário considerado como
condição necessária para a aplicação de determinado
regime jurídico que é legal e não contratual.
Os esponsais significam contrato verbal preliminar a guisa do que acontece com
o noivado, significa compromisso de casamento que se fazia com o assentimento
dos pais dos noivos, parentes e amigos, dando o noivo à noiva o anel
esponsalício.
Os esponsais não são regulados pelo Código Civil Brasileiro.
A doutrina e a jurisprudência unânimes em indenizar os prejuízos
em caso de ruptura injustificada de noivado, mas divergem quanto à caracterização
desta, se lucro cessante ou se dano moral.
Alguns autores só admitem o ressarcimento do dano moral, repelindo o
lucro cessante, por não ver no noivado uma atividade comercial.
Já o direito anglo-americano tem se mostrado muito generoso quanto tais
indenizações.
O casamento civil passou a ser o único válido a partir do dec.
181 de 1890 e, assim permaneceu até 1937. Coube à lei 379/1937
permitir o casamento religioso tivesse efeitos civis, tendo sido a referida
lei modificada pelo decreto-lei 3200/1941.
Permite-se também a habilitação posterior do casamento
religioso, adquirindo este após processo habilitatório, plenos
efeitos a partir da data de sua celebração.
O trâmite normal contudo, é o processo habilitatório anteceder
a celebração do matrimonio.
Três fases distintas para o casamento:
- Habilitação (processo informativo realizado nas circunscrições
do registro civil);
- A publicidade nos órgãos locais através dos editais de
proclamas;
- A celebração propriamente dita.
O processo de habilitação pretende atestar a identidade dos nubentes
e a inexistência de qualquer impedimento para a realização
do casamento conforme as leis vigentes.
O maior interdito necessita da autorização de seu curador; o militar
de autorização de seus superiores hierárquicos; o magistrado
não pode casar sem autorização superior com pessoas que
esteja sob sua jurisdição e os diplomatas necessitam de autorização
para poder casar com estrangeiros.
O suprimento judicial só é dado em caso em que os pais se recusem
a autorizar o casamento por mero capricho.
O divórcio decretado no exterior só terá valor no Brasil
e poderá possibilitar novo casamento, quando tenha sido homologado pelo
STF, só reconhecido no Brasil, depois de 3 anos da data da sentença,
salvo se houver antecedido separação judicial por igual prazo.
A jurisprudência do STF exige que o divórcio tenha sido decretado
no lugar do domicílio efetivo do cônjuge, não homologando
o divórcio por procuração em pais do qual os cônjuges
não eram nacionais (Súmula 381).
Publicidade é feita através dos proclamas (anúncios feitos
ao público constando nomes e qualificação dos nubentes),
são fixados em lugar público por 15 dias, na casa de audiência,
ou seja, na sede da circunscrição do domicílio das partes,
e ainda publicados no órgão de grande circulação
na cidade ou órgão oficial de imprensa.
Finda a habilitação e a publicação, extrai-se uma
certidão na qual declara ter sido regular a habilitação,
inexistindo oposição de impedimentos, estando os nubentes aptos
para realizar o casamento no prazo de 90 dias, após a expedição
da mencionada certidão (tal prazo tem natureza decadencial).
Em caso de casamento nuncupativo, o juiz pode dispensar a publicação
dos proclamas, ouvido o Ministério Público.
Pode se realizar a cerimônia mediante os nubentes presentes pessoalmente
ou procuradores especiais, e no mínimo duas testemunhas, em caso em que
os nubentes sejam alfabetizados, caso contrário, dobra-se o número
de testemunhas se por acaso houver um dos nubentes que não saiba escrever.
Caso os nubentes não confirmem a sua vontade de realizar o casamento,
a cerimônia será suspensa, não podendo ser celebrada no
mesmo dia.
O casamento nuncupativo admite a celebração sem a presença
de autoridade competente, mas mediante 6 testemunhas que com os nubentes não
tenham qualquer grau de parentesco quer em linha reta ou colateral.
Tais testemunhas deverão comparecer dentro de 5 dias, perante a autoridade
judiciária mais próxima, a fim de que sejam reduzidas a termos
as suas declarações (art. 76, Lei 6015/73) e declaram que os contraentes
casaram-se de livre e espontânea vontade, e a inexistência de impedimentos
matrimoniais.
A prova do casamento se fará pela certidão do assento no registro
civil.
Casamentos anteriores a 1889 se provavam pelos assentos das autoridades eclesiásticas.
Na dúvida entre as provas em prol e em contrário ao patrimônio,
decidir-se-á pela existência deste, se as partes tinham a posse
do estado de casadas, sendo consideradas , no meio em que vivam, como marido
e mulher.
Para fins previdenciários admite-se como prova de casamento pela mera
posse de estado de casado justificada em juízo com a audiência
do MP( art. 1 do Decreto-Lei 7.485/1945).
O casamento celebrado no exterior, sua prova se regerá pela lei do país
em que se realizou tendo sido celebrado pelo agente consular brasileiro.
O casamento no estrangeiro de brasileiros deve ser registrado quando um ou os
dois cônjuges vierem ao Brasil, dentro do prazo de três meses, no
cartório do respectivo domicílio e, em sua falta, no primeiro
ofício do Distrito Federal.
Com o Novo Código Civil inseriu-se a possibilidade de mudar o regime
de bens no casamento bem como elevou-se o cônjuge à categoria de
herdeiro necessário. Na verdade na absorção da legislação
extra-codigum perdeu-se muito da textura harmônica e equânime do
Direito Civil Brasileiro.
Gisele Leite
professoragiseleleite[arroba]yahoo.com.br
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