Óleo de soja e própolis na alimentação de cabras leiteiras: consumo de matéria seca e de nutrientes e parâmetros de fermentaçã



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e Métodos
  4. Resultados e Discussão
  5. Conclusões
  6. Literatura Citada

Consumo de matéria seca e de nutrientes e parâmetros de fermentação ruminal

RESUMO

Objetivou-se avaliar a inclusão de níveis crescentes de óleo de soja (0; 1,5; 3,0; 4,5; 6,0; e 7,5% da MS), extrato etanólico de própolis (0; 1,0; 2,0; 4,0; 8,0 e 12,0 mL/animal/dia, 50% p/v de própolis moída em solução alcoólica a 70% em água) e própolis bruta moída (0; 0,5; 1,0; 2,0; 4,0 e 6,0 g/animal/dia) na alimentação de cabras leiteiras. Avaliaram-se o consumo de MS e de nutrientes e alguns parâmetros de fermentação ruminal, como pH, amônia (NH3), ácidos graxos voláteis (AGV) e atividade específica de produção de amônia (AEPA) pela microbiota ruminal. Foram utilizadas seis cabras Alpinas fistuladas no rúmen, em seis períodos experimentais. As dietas foram compostas de 67% de silagem de milho e 33% de concentrado à base de fubá de milho e farelo de soja. Os animais foram submetidos ao tratamento controle e, em seguida, a cinco níveis crescentes de óleo de soja, extrato etanólico de própolis e própolis bruta moída utilizando-se dois animais para cada produto testado, em seis períodos experimentais. Não houve efeito de níveis de óleo de soja, extrato etanólico de própolis e própolis bruta moída sobre o consumo de MS e de nutrientes e sobre os parâmetros ruminais estudados. Sugere-se, no entanto, a realização de mais pesquisas com a adição de própolis na alimentação de ruminantes, pois existem efeitos antimicrobianos comprovados in vitro e evidências de que seu fornecimento a esses animais reduz a relação acetato:propionato e a concentração de butirato no rúmen.

Palavras-chave: ácidos graxos voláteis, amônia, caprinos, pH

 

Introdução

O uso de lipídios na alimentação de animais ruminantes é realizado principalmente para aumentar a densidade energética das dietas, pois o valor energético desses lipídios é 2,25 vezes maior que o dos carboidratos (Reddy et al., 1994; Simas, 1998).

A presença de lipídios insaturados em rações pode proporcionar efeitos desejáveis, como inibição da produção de metano e amônia no rúmen e aumento na eficiência de síntese microbiana (Van Nevel & Demeyer, 1988; Harfoot & Hazlewood, 1997). Por outro lado, pode apresentar efeitos indesejáveis, como redução na digestibilidade de MS, MO e celulose (Schneider & Flatt, 1975; Schauff et al., 1992).

A redução da concentração de NH3 ruminal em animais com a inclusão de óleo vegetal na dieta é provocada pelo efeito sobre os protozoários e a redução da população de bactérias desaminadoras (Van Nevel & Demeyer, 1988). A mudança da população microbiana ruminal com a utilização de lipídios foi constatada também por Lana & Russell (1996), que notaram que o óleo de milho, assim como os ionóforos monensina e lasalocida, aumentou a resistência das bactérias ruminais à perda do potássio intracelular quando as bactérias foram submetidas in vitro a níveis crescentes de ionóforos. Essa característica é associada à mudança da população microbiana de gram-positiva para gram-negativa.

Lipídios insaturados estimulam as bactérias ruminais produtoras de propionato, causando, conseqüentemente, decréscimo na relação acetato:propionato e na produção de metano (Richardson et al., 1984; Chalupa et al., 1986). O aumento da proporção molar de propionato é provocado pelo acréscimo da produção e pela concomitante redução da produção de acetato e butirato (Van Nevel & Demeyer, 1988).

Christensen et al. (1994) não observaram efeito da adição de óleo de milho e sebo bovino em dietas sobre o pH ruminal, mas as concentrações de amônia foram reduzidas e as de isovalerato também tenderam a diminuir. Vargas et al. (2002) verificaram aumento do pH pela fonte de lipídio, especialmente grão de soja, e tendência à redução na produção de amônia e isovalerato e concluíram que o aumento do pH provavelmente resultou da queda no consumo de MS e da menor fermentação ruminal, que proporciona menor acúmulo de ácidos graxos voláteis, principal fator de redução do pH.

De acordo com Park et al. (1998), a própolis é uma resina de coloração e consistência variada coletada por abelhas em diversas partes de plantas de diferentes espécies; seus efeitos terapêuticos têm sido atribuídos aos diversos compostos fenólicos que a compõem. A atividade antimicrobiana da própolis ocorre pela inibição das bactérias gram-positivas (Park et al., 2000). Foi constatada inibição do crescimento de bactérias Gram-positivas, responsáveis pela incidência de mastite em bovinos leiteiros (Pinto, 2001). Entretanto, não há relatos da aplicabilidade da própolis como aditivo nutricional para ruminantes e de seus efeitos sobre a microbiota ruminal.

Este experimento foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos da adição de óleo de soja, extrato etanólico de própolis e própolis bruta moída na alimentação de cabras leiteiras sobre o consumo de matéria seca e de nutrientes e os parâmetros de fermentação ruminal.


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