E sua discussão em relação à prevalência de cárie e fluorose dentária
OBJETIVO: avaliar a relação entre classificação socioeconômica e a prevalência de cárie e fluorose dentária em Piracicaba, São Paulo,Brasil.
MÉTODOS: A classificação foi baseada na seleção de cinco indicadores (renda familiar mensal, número de pessoas residentes na mesma moradia, grau de instrução dos pais, tipo de habitação e profissão do responsável pela família), buscando-se por sistema de pontuação hierarquizar 812 escolares na idade de 12 anos em até seis classes sociais distintas. Para a determinação da prevalência de cárie e fluorose dentária, os voluntários foram examinados no pátio das escolas, sob luz natural e com espelho bucal, por dois examinadores previamente calibrados para os índices CPO-D (WHO,1997) e T-F (Thylstrup & Fejerskov, 1978). O teste qui-quadrado (p<0,01) foi utilizado na análise estatística para a associação do CPO-D e da fluorose entre as variáveis socioeconômicas e entre as classes sociais propostas.
RESULTADOS: Piracicaba apresentou média do CPO-D de 1,7, enquanto que em 31,4%, das crianças encontrou-se fluorose (T-F31).
CONCLUSÃO: em relação à classe socioeconômica, verificou-se associação estatisticamente significante somente com a cárie dentária.
Palavras-chave: Fator socioeconômico, Cárie dentária, Fluorose dentária, Epidemiologia
A socioeconomic classification and the discussion related to prevalence
of dental caries and dental fluorosis
ABSTRACT
OBJECTIVE: The aim of this study was to evaluate the relationship between a socioeconomic classification model and prevalence of dental caries and dental fluorosis in Piracicaba, Sâo Paulo, Brazil.
METHODS: For this classification five indicators were used (family monthly income, number of residents in the same household, parents' formal educational level, type of housing and occupation of person responsible for the family). A scoring system was used in order to arrange in a hierarchy, 812 12 year old school children distributed between six different social classes. Volunteers were examined in the school's back patio under natural light with a dental mirror, by two examiners calibrated for DMFT index (dental caries) and T-F (dental fluorosis). The qui-square test (p<0.01) was used in the statistical analysis for the association of DMFT and the dental fluorosis and between the socioeconomic variable and the proposed social classes.
RESULTS: The DMFT average was 1.7, while 31.4%, of the children had dental fluorosis (T-Fe"1).
CONCLUSION: With respect to socioeconomic class a statistically significant association was only verified with dental caries.
Key words: Socioeconomic status, Dental caries, Dental fluorosis, Epidemiology
O Brasil tem apresentado uma redução acentuada na prevalência da cárie dentária na ordem de 57,8% entre 1980 e 19961, por meio do uso de diversos métodos coletivos de uso de flúor, buscando-se um controle mais efetivo dessa doença.
Um possível aumento na quantidade ingerida de flúor em decorrência de maior exposição a diferentes métodos, especialmente de cremes dentais por crianças pequenas e que ingerem também água fluoretada, pode determinar a ocorrência da fluorose dentária2.
Após cárie, doenças periodontais, maloclusões e câncer bucal, a fluorose é referida como sendo um problema de prioridade em Odontologia3,4. No entanto, o seu monitoramento se faz necessário, pois a seqüência de prioridades pode ser alterada quando considerado grupos ou faixas etárias com características distintas4, mesmo porque, na última década, alguns estudos vêm apontando em localidades brasileiras um aumento na ocorrência dos sinais clínicos da fluorose dentária na faixa etária dos 12 anos de idade5,6.
O ICR7, ocorrido em Bethesda, Maryland, destacou que pesquisas sobre flúor e fluorose devem ter orientação no sentido de permitir comparações internacionais, considerando que pobreza e baixo status socioeconômico são indicadores consistentes de risco à cárie, e que a perspectiva da saúde pública na redução dessa condição é com o uso do flúor, maximizando os benefícios (prevenindo e reduzindo a cárie dentária) e minimizando os riscos em relação à fluorose dentária e óssea, através da identificação de fatores do meio ambiente social e cultural associados com excessiva exposição ao flúor.
Entretanto, os relatos da literatura que tomam por base fatores socioeconômicos para a classificação das pessoas participantes de estudos em diferentes classes sociais relacionando-as a doenças bucais não apresentam uma padronização, muitas vezes privilegiando apenas fatores isolados como renda, profissão, crianças estudando em escolas públicas ou privadas ou mesmo apenas cidades ou regiões distintas, não considerando que a classificação dos indivíduos em diferentes condições sociais exige a não fixação de um único critério para a sua hierarquização e sim do entrelaçamento de um conjunto de indicadores significativos8.
Em piores condições socioeconômicas, tem-se observado maior prevalência de cárie9,10. Por sua vez, em relação à fluorose, alguns autores afirmam que melhores condições sociais e financeiras propiciam um aumento em sua prevalência11, enquanto que outros não encontraram relação entre esta situação3,12.
Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre um modelo de classificação socioeconômica e a prevalência de cárie e fluorose dentária em escolares na idade de 12 anos de Piracicaba, São Paulo, Brasil.
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