Gênero, Família e Sexualidade: Imaginário e Violência



  1. Introdução
  2. A Noção de Gênero
  3. Família e violência
  4. Processos societários e conflitualidade
  5. Resultados
  6. Considerações
  7. Referencias bibliográficas

INTRODUÇÃO

Os objetivos da pesquisa visam identificar os motivos para o casamento e a separação e o modo pelo qual a violência se atualiza no decorrer desses processos; analisar a mobilidade social e a rede social dos sujeitos (Bott, 1976; Sluzki,1997); caracterizar imaginários específicos a homens e mulheres quanto à noção de trabalho e divisão doméstica e social do mesmo; fazer etnografia da Delegacia da Mulher, das residências e dos contextos urbano das famílias. As interpretações dos dados não se apóiam em validade estatística. A pesquisa estabelece a hipótese de que a violência é social e generalizada, embora afete particularmente os mais pobres.

A perspectiva teórica com a qual trabalhamos, toma por base o programa e os procedimentos da Escola Sociológica Francesa (Cemin, 2001), focalizando as "categorias do entendimento" enquanto representação e prática. Analisa o imaginário através do Teste Arquétipo de Nove Elementos (AT9) criado por Yves Durand (1988), com o objetivo de testar a teoria das estruturas antropológicas do imaginário de Gilbert Durand. (1997). Em três ciclos do PIBIC, foram preenchidas 93 fichas de dados sociológicos, realizadas 30 entrevistas, 30 levantamentos de rede social e 26 testes.

PALAVRAS-CHAVES: Gênero, Sexualidade, Violência.

A Noção de Gênero

Analisando o "estado da arte" sobre a produção antropológica em torno do tema de gênero, Heilborn (1982) indica que ela veio em substituição à categoria mulher que não dá conta do caráter relacional que a noção comporta. Scott (1995) argumenta que a categoria de gênero pode ser tomada em duas acepções – forma de classificação e dado constitutivo da identidade dos sujeitos. Ao mesmo tempo, os gêneros se instituem e se entrecruzam socialmente de vários modos: classe, etnia, religião, opção partidária, faixa etária, escolarização e profissão. Alem disso, no interior de cada pólo as diferenças também se multiplicam como arranjos plurais que desautorizam dualismos simplificados (Scott, 1995; Butler,2003; Haraway, 2003).

Família e violência

Os estudos sobre família e gênero no Brasil correlacionam pobreza com família irregular, sem muita consideração sobre os aspectos políticos e ideológicos que envolvem a questão, a exemplo das diversidades étnicas que envolvem o processo de construção de identidades parentais e de gênero (Kaloustian, 1994; Donzelot,1980). A diversidade quanto aos modelos de relacionamento desorientam as pessoas incidindo sobre o incremento de conversões religiosas seja ao catolicismo carismático ou ao protestantismo em busca de paradigmas para as relações conjugais (Machado, 1996).

Por outro lado, predomina o pressuposto de que a família existe enquanto unidade substantiva, derivada apenas de processos biológicos, sem indagação sobre a existência dos suportes de reprodução material e simbólico que lhes fundamenta a existência. (Sluski,1997)

Em seu estudo sobre mulheres, relações violentas e a prática feminista, Gregori indica que no geral as explicações para a crise doméstica são atribuídas a "... condutas inadequadas de seus maridos: beber, ser mulherengo, ser boêmio, praticar ‘exageros’ sexuais" (Gregori, 1993:140). Reconhece que seu estudo deixou uma lacuna importante ao não analisar o que ela chamou o "lado dos homens".

Processos societários e conflitualidade

De acordo com Weber (1986), dado o "politeísmo de valores", não é possível eliminar a luta que surge como o fundamento de qualquer relação social. Neste sentido, a violência indica a articulação lógica em um confronto de valores. Retomando as reflexões de Weber, Maffesoli (1987) indica que a potencialidade conflitual inerente aos processos societários implica um certo grau de "ritualização da violência". A desordem para ele tem função estrutural expressando a dialética viva do imaginário e do instituído. Nesse sentido, Foucault (1987) também critica a visão simplesmente dualista do poder como constituindo a relação dominante/dominado elucidando que o exercício do poder sempre comporta manobras e táticas pelas quais o sujeito dominado pode operar sua liberdade.


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