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O experimento foi realizado em uma área pertencente ao Departamento de Fitotecnia (DFT), localizado no município de Viçosa, com longitude de 42º52’40" W (Gr) e latitude 20º45’20" S, a 658 m de altitude, e no Laboratório de Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, em abril de 1999.
Os testes foram realizados num solo Podzólico Vermelho-Amarelo Câmbio, cujos valores de densidade e teor de água nas camadas de 0 -0,15; 0,15 -0,20; 0,20 -0,25 e 0,25 -0,30 m de profundidade são apresentados na Tabela 1.
O solo apresenta uma composição granulométrica com 64,0% de argila, 15,0% de silte, 15,0% de areia grossa e 11,0% de areia fina, sendo classificado como argiloso.
-Trator marca Massey Ferguson, modelo MF 275, 4 x 2 (TDA), com 53 kW (73 cv) de potência máxima a 2.000 rpm e massa em ordem de marcha de 4.650 kg. A rotação de trabalho utilizada durante os ensaios foi 1.700 rpm.
-Um escarificador marca STARA, modelo RP 2000, de arrasto, sem as caixas de distribuição de sementes e de corretivos, constituído de cinco discos de corte, cinco hastes escarificadoras e um rolo destorroador, com 1.250 kg e largura teórica de trabalho de 2 m, com ponteiras reversíveis sem asas de 0,15 m de comprimento e 0,08 m de largura, ângulo de ataque de 25º e hastes inclinadas com 0,50 m de comprimento, rolo destorroador com diâmetro de 0,26 m, sendo o ajuste da profundidade de trabalho feito por rodas de pneus montada ao chassi.
-Um amostrador construído de chapas de aço para coletar as amostras de solo mobilizado com o mínimo de alterações. O dispositivo constitui-se de uma caixa sem fundo e sem tampa, medindo internamente 0,30 x 0,30 m, possuindo alças que permitiam cravá-lo e retirá-lo do solo, conforme metodologia descrita por GAMERO & BENEZ (1990). No meio de cada parcela foi feita uma amostragem de solo que foi acondicionada e transportada em sacos plásticos, secadas ao ar até estabilização da umidade e peneiradas na peneira rotativa, de acordo com metodologia proposta por OLIVEIRA (1997b).
-Conjunto de peneiras rotativas concêntricas, construído de chapas cilíndricas perfuradas na sua parte superior, montadas radialmente em uma chapa plana. A peneira interna com furos de maior diâmetro e as demais com os diâmetros dos furos em escala decrescente, montadas em torno da central. O conjunto possuía uma inclinação de 6º, em relação ao eixo vertical, o que permitia o deslocamento dos agregados por gravidade da porta de alimentação até as bandejas coletoras. A rotação das peneiras foi mantida em dez voltas por minuto. As peneiras possuíam furos com os seguintes diâmetros: 80; 40; 20; 10; 8; 6; 4 e 2 mm, conforme metodologia utilizada por OLIVEIRA (1997a). O conjunto foi construído no Laboratório de Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV.
O cálculo do diâmetro médio geométrico foi de acordo com o descrito na eq.(1), conforme GUPTA & LARSON (1982).
O cálculo do módulo de finura foi realizado de acordo com a eq.(2) descrita por FREIRE (1972):
Para a determinação do porcentual de cobertura do solo, foi utilizada a metodologia descrita por LAFLEN et al. (1981) que consiste em esticar, ao acaso, antes e depois do experimento, por três vezes, sobre a área padrão de ensaio, uma trena com 100 marcas distanciadas de 150 mm uma da outra. A marca coincidente com cobertura vegetal é considerada equivalente a um ponto porcentual de cobertura. O material coletado foi levado à estufa para secagem, pelo método padrão para vegetais. Após a secagem o material foi pesado e sua massa convertida para kg ha-1, conforme Tabela 2.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, relativos à cobertura vegetal após a passagem do implemento sobre o solo, pode-se observar que a interação foi significativa.
Na profundidade de 0,20 m, observa-se que quando aumentou a velocidade de deslocamento ocorreu menor cobertura vegetal e na velocidade V3 houve uma cobertura vegetal de 42,25%, mas ainda dentro dos parâmetros mínimos convencionalmente aceitos de 30% para preparo conservacionista. A rigor, todos os tratamentos ficaram acima do valor mínimo de 30% de cobertura vegetal prescritos por JOHNSON & MOLDENHAUER (1970), JOHNSON et al. (1979), DENARDIN (1987), MAGLEBY & SCHERTZ (1988) e DALLMEYER (1994).
Observando-se os valores de diâmetro médio geométrico, na Tabela 4 verifica-se que não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si, no entanto, observou-se que os menores valores de DMG ocorreram nos tratamentos V3P1 (37,08), V3P2 (35,25), V3P3 (32,46) e V2P4 (38,02).
A partir da variação da profundidade de trabalho e da velocidade de deslocamento, nas condições em que o experimento foi conduzido, pode-se apresentar as seguintes conclusões:
-Todos os tratamentos mantiveram mais de 30% de cobertura vegetal sobre o solo após o preparo, indicando que o implemento utilizado pode ser considerado de preparo conservacionista.
-O diâmetro médio geométrico e módulo de finura dos agregados do solo não variaram estatisticamente para a interação estudada.
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haroldo[arroba]ufv.br
1 Professor Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, 36571.000, Viçosa, MG, Fone: (0XX31) 3899.2729, e-mail: hfernand[arroba]mail.ufv.br .
2 Engenheiro Agrícola, Doutorando em Agronomia, FCA/UNESP, Botucatu, SP. Recebido pelo Conselho Editorial em: 31/8/00 Aprovado pelo Conselho Editorial em: 17/9/01.
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