Determinação da estabilidade lateral de um conjunto tratorrecolhedora de feijão para o trabalho de campo



  1. Introducao
  2. Material e metodos
  3. Resultados e discussao
  4. Conclusoes
  5. Referencias bibliograficas

RESUMO: A estabilidade lateral de uma recolhedora-trilhadora de feijão, da Indústria Nuxmaquinagrícola, modelo RXT 350, foi calculada para operar em condições de campo, tracionada por um trator da marca Massey Ferguson, modelo 265 4X2 TDA. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Mecanização do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e em áreas selecionadas no município de Viçosa. A metodologia utilizada para determinação das coordenadas do centro de gravidade foi denominada método da dupla pesagem. Para a recolhedora, foi determinada uma inclinação-limite dinâmica de 21,38º, equivalente a 39% de declividade. Para o trator, entretanto, o valor determinado foi de 17,50º, equivalente a 31% de declividade. Foram obtidos resultados satisfatórios para capacidade operacional, consumo específico e capacidade de recolhimento da máquina, os quais foram coerentes com a faixa estipulada pelo fabricante para declividades de até 30%.

Palavras-chave: recolhedora-trilhadora de feijão; estabilidade; centro de gravidade

ABSTRACT: Determining the Lateral Stability of a Combined Bean Harvester-Tractor for Field Work. The lateral stability of a bean harvester-thrasher of the Nuxmaquinagrícola Industry, model RXT 350, was calculated to work under field conditions while pulled by a Massey Ferguson tractor, model 265 4X2 TDA. The work was conducted in the Mechanization Laboratory pertaining to the UFV Agricultural Engineering Department, as well as in some areas selected throughout Viçosa county, Minas Gerais State. The methodology so-called double-weighing method was used to determine the gravidity center of the coordinates. A dynamic limit-inclination of 21.38o corresponding to 39% slope was determined for the harvester-thrasher. For the tractor, however, the inclination was 17.50o, so corresponding to 31% slope. The machine showed satisfactory results for operational capacity, fuel consumption and harvesting capacity that were coherent with the range specified by the manufacturer for declivities up to 30%.

Keywords: bean harvester-thrasher; stability; gravidity center

Introdução

A colheita é um dos componentes do sistema de produção do feijão que, nos últimos anos, vem recebendo especial atenção por parte da pesquisa e da indústria de máquinas e implementos. Segundo Silva (1988), a colheita mecanizada é uma prática imprescindível à expansão das áreas de cultivo do feijoeiro e à sua transformação de simples exploração de subsistência em atividade empresarial. A preocupação com a colheita do feijão é devida ao grande interesse por novas técnicas por parte dos produtores, sobretudo aqueles que vêm explorando a cultura em regime empresarial (Silva e Bevitori, 1994).

Para que a cultura do feijoeiro possa expandir, é necessário que todas as operações, desde o preparo do solo até a colheita, sejam mecanizadas. Enquanto a engenharia busca um equipamento para o arranquio eficiente, muitos são os equipamentos que fazem o recolhimento e a trilha das plantas já arrancadas e enleiradas no campo, dentre os quais destacam-se as recolhedoras-trilhadoras e as colhedoras automotrizes.

Segundo Silva e Queiroz (1998), as recolhedoras são dotadas de um rolo dentado, que gira, recolhendo o produto enleirado. O produto é, então, transportado por uma esteira, responsável pela alimentação do mecanismo de trilha. Após a trilha do feijão, a palha é movimentada no sentido da extremidade oposta da máquina. O grão trilhado atravessa a peneira do cilindro, sendo conduzido ao mecanismo de limpeza. Finalmente, o produto a granel é armazenado em um depósito e destinado a um sistema de ensaque.

A maioria das recolhedoras-trilhadoras é projetada, para operar em terrenos planos ou com declividades pouco acentuadas, devido à facilidade de operação. O uso dessas máquinas em regiões de topografia acentuada e acidentada pode causar grandes prejuízos ao produtor, em decorrência de perdas, baixa eficiência, danos com o próprio equipamento e possíveis acidentes, caso não sejam previamente adequados às condições locais.

Delgado (1991), em estudo sobre acidentes na utilização de tratores agrícolas, apresentou dados estatísticos para mostrar que em acidentes fatais, decorrentes da mecanização, 60% são devidos a tombamentos de tratores. Na Alemanha, no ano de 1954, com o emprego de equipamento de proteção contra tombamentos, ocorreu uma diminuição de 50% no número de mortes causadas durante a utilização de tratores. Vale ressaltar que metade dos acidentes de tombamento, ocorridos em tratores sem estrutura de proteção, é fatal.

O conhecimento das condições de equilíbrio, principalmente nas práticas agrícolas com o plantio em nível, permite uma utilização mais segura do trator e da recolhedora, evitando-se o risco de acidentes, principalmente em terrenos de topografia acidentada.

Nos tratores agrícolas, o ângulo-limite máximo para subida de rampas com segurança varia entre 35 e 40º, enquanto o ângulo-limite máximo para descidas de rampa está em torno de 60º (Chudakov, 1977).

Em uma operação em nível, quanto maior for a velocidade de deslocamento, mais intensamente se manifestará a ação dos processos dinâmicos, que poderão provocar

o tombamento lateral de uma máquina. Por isso, recomenda-se que o ângulo de inclinação do terreno, que permite a estabilidade dinâmica durante uma operação esteja entre 40 e 60% do ângulo-limite determinado em condição estática, de acordo com Chudakov (1977) e Mialhe (1980).

O objetivo deste trabalho foi estimar a estabilidade lateral de um conjunto tratorrecolhedora de feijão, para as condições de operação em campo.


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