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O trabalho foi conduzido no Laboratório de Mecanização do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e em áreas selecionadas no município de Viçosa. A máquina foi avaliada quanto à capacidade de recolhimento, consumo de combustível e capacidade operacional, em áreas com declividade variando de 10 a 40%. Os valores obtidos foram confrontados com aqueles fornecidos pelo fabricante.
Nos testes experimentais, utilizou-se, como fonte de potência, um trator da marca Massey Ferguson, modelo 265 4X2 TDA, com potência máxima de 48 kW no motor a 2000 rpm. A recolhedora-trilhadora é da marca Nuxmaquinagricola, modelo RXT 350, conforme Figura 1.
Para determinação das coordenadas do centro de gravidade (CG), foi utilizado o método da dupla pesagem, uma metodologia descrita por vários autores (Chudakov,1977; Mialhe, 1980; NBR 12567; ABNT, 1992). Este método consiste em pesar o eixo frontal, o eixo traseiro e o eixo frontal novamente, porém, desta vez, com o trator inclinado.
Embora esta metodologia tenha sido desenvolvida para tratores, segundo Mialhe (1980), este método pode ser adotado para outros veículos automotores destinados ao uso agrícola. Assim, fez-se uma analogia do trator triciclo com a recolhedora (Figura 2), pois, se encontra apoiada nos dois rodados traseiros e na barra de tração, em sua parte frontal.
Figura 1. Recolhedora-trilhadora Nuxmaquinagricola modelo RXT 350.
Figura 2. Vista superior dos pontos de apoio da recolhedora em analogia a um trator triciclo.
A estabilidade transversal foi determinada em condição estática, pois, é muito difícil determiná-la dinamicamente, devido ao tipo de superfície, à capacidade de sustentação do solo, ao carregamento, ao tipo de rodado e à pressão dos pneus (Lima, 1998).
Como o trabalho de recolhimento do feijão ocorre em nível, torna-se dispensável o estudo do ângulo de subida e de descida do conjunto. A estabilidade transversal estimada para o ângulo α, na condição dinâmica de tráfego, foi considerada como 50% do valor do ângulo obtido na condição estática, de acordo com Chudakov (1977) e Mialhe (1980).
Figura 3. Ângulo-limite de tombamento para o tráfego lateral (�__
As coordenadas do centro de gravidade do conjunto trator e recolhedora, utilizadas no ensaio, encontram-se apresentadas no Quadro 1.
Para a recolhedora, foi determinada uma inclinação-limite dinâmica de 21,38º, equivalente a 39% de declividade. Para o trator, o valor determinado foi de 17,50º, equivalente a 31% de declividade. Observou-se que o limite de estabilidade lateral do trator foi inferior ao limite da recolhedora.
Os ângulos-limite determinados para o tráfego, com segurança, em terrenos de topografia acidentada, para o conjunto, constituem, apenas, um indicador para avaliar se a recolhedora teria condições de acompanhar o ângulo-limite do terreno, perante o ângulo estipulado para o trator.
Apesar de o ângulo de inclinação, apresentado pela recolhedora, ser relativamente alto, este não deve ser considerado como indicador, pois, o desempenho e a segurança do trabalho dependerão do ângulo de inclinação do trator.
A máquina obteve resultados satisfatórios para capacidade operacional, consumo específico e capacidade de recolhimento, os quais foram coerentes com a faixa estipulada pelo fabricante, para declividades de até 30%.
De acordo com os resultados obtidos e nas condições em que foi desenvolvido este trabalho, conclui-se que:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 12567; trator agrícola -Determinação do centro de gravidade, método de ensaio. Rio de Janeiro: 1992. 6p.
CHUDAKOV, D. A. Fundamentos de la teoria y el cálculo de tratores y automóveis. Moskow, Mir Publishers. 1977. 435 p.
DELGADO, L. M. El tractor agrícola características y utilización. Secretaria General de Estructuras Agrarias; Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación, 1991. 235p.
LIMA, J. S. S. Avaliação da força de arraste, compactação do solo, e fatores ergonômicos num sistema de colheita de madeira, utilizando os tratores florestais "Feller-Buncher" e "Skidder". Viçosa-MG: UFV, Impr. Univ., 1998. 132 f. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – Universidade Federal de Viçosa, 1998.
MIALHE, L. G. Máquinas motoras na agricultura. Vol. 2. São Paulo: EDUSP, 1980. v.2, 367p.
SILVA, C. C.; BEVITORI, R. Colheita e beneficiamento de feijão. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.17, n.178, p.63-65, 1994.
SILVA, J. G. Colheita Mecânica. In: ZIMMERMANN, M. J. de O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. Cultura do feijoeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, SP: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1988. p. 345-356.
SILVA, J. S.; QUEIROZ, D. M. Colheita, trilha, secagem e armazenagem. In: VIEIRA, C.; DE PAULA JÚNIOR, T. J.; BORÉM, A. Feijão – Aspectos gerais e cultura no Estado de Minas. Viçosa, MG: UFV, 1998. p. 559-585.
Luiz Henrique de Souza2, Luciano Baião Vieira3, Haroldo Carlos Fernandes3, Julião Soares de Souza Lima4 e Joseph Kalil Khoury Junior5
haroldo[arroba]ufv.br
1. Parte da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor no Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG. 2 2.
2. Eng. Agrícola, M. S. em Engenharia Agrícola, Dep. de Engenharia Agrícola, UFV, E-mail: lhsouza[arroba]vicosa.ufv.br
3. Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, UFV
4. Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Rural, CAUFES, Alegre, ES
5. Eng. Agrícola, D.S. em Engenharia Agrícola, Departamento de Engenharia Agrícola, UFV.
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