Rendimento de grãos da soja e seus componentes por estrato do dossel em função do arranjo de plantas e regime hídrico

Enviado por Lisandro Rambo


RESUMO: Arranjos que propiciem melhor distribuição das plantas na área resultam em maior rendimento de grãos. Este aumento pode resultar da contribuição diferenciada dos estratos do dossel para a determinação do rendimento. O experimento foi conduzido na Estação Experimental Agronômica da UFRGS em Eldorado do Sul, RS, na estação de crescimento 2000/01, objetivando avaliar o rendimento de grãos e seus componentes em três estratos do dossel da soja, em função da modificação do arranjo de plantas, em dois regimes hídricos.

Utilizou-se a cultivar ‘BRS 137’ (semiprecoce, hábito determinado) em semeadura direta. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com parcelas sub-subdivididas e quatro repetições. Os tratamentos constaram de regimes hídricos (irrigado e não irrigado); espaçamentos entre linhas (20 e 40 cm), e populações de plantas (20, 30 e 40 plantas.m-2). Para avaliação do rendimento de grãos e seus componentes, por estrato do dossel, foram coletadas dez plantas, em seqüência na linha, de cada sub-subparcela. O rendimento de grãos foi aumentado pela irrigação e houve interação entre espaçamentos e populações. O arranjo de plantas que resultou no maior rendimento de grãos foi a associação entre o espaçamento de 20 cm e a população de 20 plantas.m-2. Houve decréscimo linear no rendimento com o aumento da população de plantas no espaçamento reduzido (20 cm). Respostas similares foram obtidas nos estratos médio e inferior do dossel. Os estratos superior e médio do dossel da soja apresentam a maior contribuição para o rendimento de grãos pelo aumento dos legumes férteis. A redução no espaçamento entre linhas e população de plantas alteraram positivamente a contribuição dos estratos médio e inferior do dossel para o rendimento de grãos.

Palavras-chave: Glycine max (L.) Merrill, componentes do rendimento, espaçamento entre linhas, população de plantas.

ABSTRACT: Plant arrangement that allow better plant distribuition in the area results in larger grain yield. This increase might be the result of diferential contribution of canopy strata for yield determination. The experiment was performed at Agronomic Experimental Estation of the Universidade Federal do Rio Grande do Sul, in Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil, in the 2000/01 growing season. The objectives were to evaluate grain yield and yield components by stratum of soybean canopy in different plant arrangements, under two water availability. Tested cultivar was BRS 137 (early, determinate), in no-till planting. Treatments arrangements were split-splitplot randomized complete-block design, with four replications. Water availability (irrigate and no irrigated), row spacing (20 and 40 cm) and population levels (20, 30 and 40 plants.m-2) were tested. Grain yield and yield components, by soybean canopy stratum, were determined in samples of ten plants, in sequence in the row, in each sub-subplot. Grain yield was incresead by irrigation and was detected interaction between row spacing and plant population. Plant arrangememnt of 20 cm row spacing and population of 20 plants.m-2 resulted in greater grain yield. There was a linear decrease in grain yield with the increase in population, with reduced row spacing (20 cm). The same was also noticed at medium and bottom stratum. The upper and medium soybean canopy stratum present higher contribution to grain yield, due major number of fertil pods.

The row spacing and plant population reduction modify positively the medium and bottom canopy estratum contribution to grain yield.

Key-words: Glycine max (L.) Merrill, yield components, row spacing, plant population.

INTRODUÇÃO

As condições ambientais que predominam durante o período de crescimento, particularmente a intensidade e qualidade da luz interceptada pelo dossel, são importantes na determinação do crescimento e do rendimento da soja e seus componentes (4, 5, 13, 15).

A arquitetura do dossel da soja é determinante da capacidade fotossintética (20). Esta cultura caracteriza- se por apresentar uma camada superior de folhas densa que dificulta a penetração de luz nos estratos inferiores. Foi verificado que no início do período reprodutivo, cerca de 50% da radiação líquida atinge a superfície do solo (2). No entanto, nos estádios R5 (início do enchimento de grãos) e R6 (máximo volume de grãos), 20% chega à parte média da comunidade de plantas e apenas 10% à parte inferior (2).

A estrutura do dossel pode ser modificada pelas condições meteorológicas, arranjo de plantas e pelo melhoramento, com a alteração da morfologia das plantas (21). Arranjos que proporcionem melhor distribuição das plantas na área, podem aumentar a penetração de luz no dossel da soja, incrementando a produção de fotoassimilados, refletindo-se em maior rendimento de grãos.

Nas lavouras de soja, geralmente, tem-se utilizado arranjos de plantas que combinam espaçamento entre linhas de 40 a 50 cm com população de 40 plantas.m-2. Em contrapartida, a redução do espaçamento entre linhas tem se constituído numa prática vantajosa, em que, na maioria dos experimentos, houve incremento do rendimento. Diversos trabalhos utilizando espaçamentos entre linha de 17 cm até 100 cm, têm verificado acréscimos de até 40 % no rendimento (6, 10, 11, 14, 19) com a redução do espaçamento. Por outro lado, poucos trabalhos foram realizados associando a redução do espaçamento entre linhas com a diminuição na população de plantas.

É importante avaliar, também, se os novos arranjos determinam mudanças na contribuição dos estratos do dossel.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento de grãos e seus componentes em três estratos do dossel da soja, em função da modificação do arranjo de plantas, em dois regimes hídricos.


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