Resumo: Os ensaios foram realizados no Núcleo de Pesquisa em Ecofisiologia e Hidroponia (NUPECH) no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), RS, de setembro de 2000 a abril de 2001. Foram conduzidos cinco cultivos de alface, com o objetivo de avaliar a resposta estomática e a transpiração, bem como a produção de fitomassa fresca e seca da alface, em função de dois intervalos entre irrigações no período diurno (06 – 19h), T15/15 – período de irrigação de 15 minutos a cada 15 minutos e T15/30 – período de irrigação de 15 minutos a cada 30 minutos, e o consumo de energia elétrica de ambos intervalos. O aumento do intervalo entre irrigações de 15min para 30min ocasionou uma elevação dos valores de resistência estomática e uma diminuição da taxa de transpiração durante o período sem irrigação. Entretanto, a produção fitomassa (seca e fresca) de alface foi estatisticamente idêntica nos dois intervalos entre irrigações. Assim, o intervalo de 30min foi mais eficiente economicamente, pois proporcionou uma redução de 28,3% no consumo de energia elétrica, quando comparado ao T15/15.
Palavras-chave: alface, cultivo protegido, hidroponia, irrigação.
Abstract: The trial was carried out at the Ecophysiology and Hydroponics Research Center of the Crop Science Department, at the Federal University of Santa Maria, from September 2000 to April 2001, including five plantings of lettuce. The goal was to evaluate the stomatal resistance, transpiration, fresh and dry mass production, using two irrigation intervals during day time (06:00 – 19:00h): T15/15 – 15 minutes of irrigation time every 15 minutes and T15/30 – 15 minutes irrigation time every 30 minutes. The electricity consumption was measured in each treatment. The results showed greater values of transpiration and stomatal resistance in treatment T30/30 than T15/30, during non irrigation interval. However, both irrigation intervals were efficient in production of the hydroponic lettuce, with dry and fresh matter were statistically equal at harvest. The treatment T15/30 was more efficient economically because allowed a 28.3% reduction in electricity consumption with same production.
Key words: lettuce, hydroponics, irrigation, greenhouse.
O cultivo hidropônico é uma atividade que deve ser desenvolvida em ambiente protegido (estufa), para que ocorra um maior controle sobre o crescimento das plantas e da solução nutritiva (TEIXEIRA, 1996). O principal sistema de cultivo hidropônico em uso atualmente no Brasil é o denominado "NFT", ou seja, a técnica de fluxo laminar de nutrientes (COOPER, 1996). Nesse sistema, as plantas são conduzidas em bancadas e o sistema radicular permanece parcialmente submerso no fluxo de uma solução nutritiva, o qual não deve inundálo por completo: aproximadamente 2/3 das raízes devem estar submersas para absorver água e nutrientes e 1/3 não submersa, absorvendo oxigênio (STAFF, 1998). O sistema hidráulico de um conjunto hidropônico NFT é fechado, ou seja, a solução nutritiva é bombeada de um reservatório, passa pelas raízes das plantas nos canais das bancadas e volta por gravidade ao reservatório (FAQUIN & FURLANI, 1999).
DANTAS (1997) explica que a alface é uma hortaliça exigente em água, onde a quantidade e qualidade da mesma influem na produtividade desta cultura. Em relação aos turnos de irrigação, nota-se que existem muitas diferenças entre os sistema de cultivo, a campo ou estufa, e principalmente diferenças em um mesmo sistema. O ambiente de cultivo é determinante no estabelecimento dos turnos de irrigação (MORAES, 1997).
RESH (1997) recomenda intervalos de irrigação de 15 minutos durante o dia. No período noturno dependendo das condições meteorológicas, o sistema pode ser desligado ou programado para funcionar 2-3 vezes em intervalos espaçados de acordo com a necessidade da cultura. Recomendação similar encontra-se em BLISKA Jr. & HONÓRIO (1996) e FAQUIN & FURLANI (1999), os quais citam que de maneira geral, a circulação da solução nutritiva pelos canais das bancadas é intermitente, controlada por um programador eletrônico, utilizando-se períodos de 15 a 20 minutos de circulação e de 10 a 15 minutos de sem irrigação, durante o período diurno.
À noite, recomenda-se a circulação por 10 a 15 minutos a intervalos de 2 a 4 horas.
A freqüência dos ciclos de irrigação depende da espécie cultivada, do estádio de desenvolvimento das plantas, das condições meteorológicas no interior das estufas, particularmente da intensidade luminosa, comprimento do dia e temperatura do ar, e do meio de cultivo. As plantas com maior área foliar, requerem uma irrigação mais freqüente, pois perdem água rapidamente através da transpiração. Em estufas, sob condições de alta intensidade luminosa, geralmente acompanhada de temperaturas elevadas, especialmente durante os meses de verão, aumenta a taxa de evapotranspiração ocasionando maior absorção d’água. A freqüência dos ciclos tem que ser suficiente para impedir qualquer déficit hídrico nas plantas entre os ciclos, e suficientemente espaçados para proporcionar uma adequada drenagem do meio, de forma que haja uma apropriada oxigenação das raízes das plantas (RESH, 1997).
A freqüência de irrigação determina o consumo de energia elétrica no sistema hidropônico NFT. A freqüência adequada, além de possibilitar o crescimento das plantas, determina um menor consumo de energia elétrica, promovendo então maior ganho econômico na produção. Em função disto, o objetivo do trabalho foi avaliar, no período primaveraverão, a influência de dois intervalos entre irrigações, na produção de fitomassa fresca e seca da alface hidropônica, avaliando-se o consumo de energia elétrica de ambos intervalos.
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