Influência da deficiência hídrica no crescimento e produtividade do trigo (Triticum aestivum (l.) thell)

Enviado por Paulo Augusto Manfron


RESUMO: A cultivar de trigo IAC-287 foi submetida a deficiência hídrica (DH) no período reprodutivo das plantas visando identificar os possíveis efeitos no crescimento e produtividade. O trabalho foi conduzido em um solo classificado como Latossolo Distrófico, característico da região de Campinas, SP. Os tratamentos foram dois: T1 - controle com irrigações periódicas mantendo o solo próximo a sua capacidade máxima de armazenamento de água durante o ciclo da cultura; T2 - deficiência hídrica, imposta pela suspensão da irrigação entre o 1º e o 13º dia após a floração (DAF), para reiniciar a irrigação do 14º ao 24º DAF. A deficiência hídrica induziu queda significativa das taxas de fotossíntese, entretanto não representou perda total da produção, devido a um controle fisiológico eficiente das plantas na manutenção da turgescência das folhas.

Palavras-chave: fotossíntese, produtividade, trigo, potencial de água na folha, conteúdo relativo de água, condutância foliar, transpiração.

SUMMARY: The wheat cultivar IAC-287 was submitted to soil water stress (DH) aiming to identify possible effects on plant growth and reproduction. The experiment was conducted in a Distrofic Latosol soil that characterizes the Campinas (SP) region. The treatments were: T1 - check with frequent irrigations that mantained the soil near field capacity during the entire growth season; T2 - water deficit by interrupting the irrigation between the first and 13th after flowering (DAF) and then irrigating again between 14th and 24th DAF. It was observed that soil water deficit decreased significantly photosynthesis rate however this did not result in total yield loss due to on efficient physiological control in mantaining leaf turgecence of plants.

Key words: photosinthesis, productivity, wheat, water potential leaf, water realite content, leaf conductance, transpiration.

INTRODUÇÃO

A produtividade das plantas está diretamente relacionada com a capacidade de manter uma elevada atividade fotossintética das folhas e com a intensidade de crescimento dos grãos durante o período reprodutivo (MACHADO et al., 1990; SILVEIRA & MACHADO, 1990). Na maturação fisiológica, a relação entre a massa acumulada nos grãos e a massa seca total da planta varia significativamente com o genótipo e com o ambiente.

A fotossíntese, a formação e remobilização de metabólitos e o estabelecimento do número de grãos viáveis por espiga, são afetados durante a ocorrência de deficiência hídrica, acarretando variações no comportamento das relações fonte-dreno (GUSTA & CHEN, 1987). A relação da taxa fotossintética pode ter resposta na maior senescência (clorose e necrose) das folhas induzidas por uma deficiência hídrica acarretando uma diminuição de sua área ativa (MANFRON et al., 1996). HEITHOLT et al.

(1991) constataram que em ambientes com deficiência hídrica, a troca gasosa em folhas é reduzida, diminuindo por conseguinte a fotossíntese líquida. A redução na produção de fotoassimilados pode estimular a remobilização de reservas para os grãos, ou reduzir o acúmulo destas reservas, dependendo da época de sua ocorrência. Sob deficiência hídrica a demanda transpiratória não é atendida e conseqüentemente, ocorre o fechamento dos estômatos e queda da fotossíntese (MACHADO et al., 1993; MANFRON et al., 1996), resultando na menor produção de fotoassimilados (HEITHOLT et al., 1991).

O efeito negativo da deficiência hídrica pode ocorrer devido à redução no processo de translocação de metabólitos e principalmente na taxa de fotossíntese. Embora cada fase do desenvolvimento seja representada pelo deslocamento e alocação de assimilados entre órgãos da planta, o número e a massa de grãos dependerão da disponibilidade de carboidratos presentes nas folhas, colmo e raquis de cada planta (XU & ISHII, 1990).

A produção final pode ser avaliada através do balanço entre a sua capacidade em suprir fotoassimilados para os grãos e do seu potencial de utilização dos substratos disponíveis (FISHER, 1983). Identificam-se duas fontes principais de fotoassimilados para os grãos em crescimento: uma originada diretamente da fotossíntese e outra a partir da remobilização de fotoassimilados armazenados temporariamente em outros órgãos da planta, principalmente nos colmos (RAWSON et al., 1983; SIMMONS, 1987). As reservas são formadas principalmente, a partir do excedente da produção de fotoassimilados em relação á demanda dos grãos.

Neste trabalho objetivou-se quantificar os efeitos da deficiência hídrica em plantas de trigo, durante a fase reprodutiva, através de medidas da taxa de fotossíntese, potencial de água na folha, conteúdo relativo de água na folha, temperatura da folha, condutância foliar, transpiração e produtividade.


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