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O supervisor escolar e os diferentes papéis no espaço escolar(página 2)


2.1 A Organização do Conhecimento Voltada para o Prazer e o Desejo de Aprender

A partir da leitura do Projeto Político-Pedagógico, percebe-se que a escola tem a pretensão de democratizar o conhecimento escolar, isto é, criar espaços para a formação de pessoas cidadãs e dar-lhes meios não apenas para sobreviver, mas para viver bem e melhor no usufruto de bens materiais e culturais que hoje são privilégios de poucas pessoas na sociedade.

Constata-se também que os componentes curriculares devem romper com a fragmentação do ensino, respeitando a identidade cultural dos educandos e os seus saberes. Nesse sentido, é possível afirmar que o currículo está oportunizando para a maioria das pessoas a manifestação das diferentes culturas que existem no espaço escolar, pois a cultura é plural e se vivemos numa sociedade plural a educação deve reconhecer a diversidade cultural de seus educandos e educadores.

Quando se menciona que o ensino deve respeitar as diferentes culturas, verifica-se que a escola preocupa-se com a formação social e crítica dos educandos, para que eles sejam capazes de interagir na realidade transformando-a com responsabilidade.

A partir disso, o supervisor escolar poderá contribuir para que a escola possa redimensionar a sua prática pedagógica, desenvolvendo e criando métodos de análise para estudar a realidade e construir estratégias de ação, pois conforme Silva (1985, p. 68), "É o Supervisor Escolar um criador de cultura e de aprendizagens não apenas intelectual e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e política".

Percebe-se que supervisor escolar, através de suas estratégias e ações abre, sem dúvida um leque de novas possibilidades de análise e compreensão dos processos de construção/desconstrução/reconstrução permanente de novos procedimentos pedagógicos que favorecem a educação. Para o supervisor escolar desenvolver e promover uma educação orientada para o exercício de uma cidadania ativa, crítica e responsável, Candau (1997, p. 247) propõe um desafio:

Ampliar a concepção pedagógica, compreendendo-a como um modo de produção cultural implicado na forma como poder e o significado são utilizados na construção e na organização de conhecimentos, desejos, valores. Ela é definida como uma prática cultural ética e politicamente responsável a serviço da ampliação da democracia.

Portanto, na organização de conhecimentos significativos e relevantes para a sociedade atual, faz-se necessário afirmar que a atuação do supervisor escolar se justifica como um meio de garantir o planejamento e execução de conhecimentos sólidos que possibilite as pessoas novas perspectivas de vida e novos saberes.

2.2 A Metodologia de Ensino e Aprendizagem

Compreende-se que o planejamento de um currículo escolar é um processo contínuo em que se desenvolvem materiais e procedimentos técnicos, metodológicos e se avalia os resultados do ensino e da aprendizagem, verificando se as práticas pedagógicas estão coerentes com os pressupostos teóricos que a escola assume com relação à concepção de homem, de mundo e de sociedade.

Assim, analisando a metodologia de ensino que a escola defende no seu Projeto Político-Pedagógico observa-se que o fazer pedagógico dos educadores deve priorizar uma aprendizagem com sentido e significado, na qual os conteúdos sejam articulados com as experiências de vida dos educandos.

Verifica-se também no Projeto Político-Pedagógico, que os conteúdos devem envolver as diferentes áreas do conhecimento, fundamentados na proposta da pedagogia Crítico Social dos Conteúdos. Acreditamos que a teoria Crítico-Social dos conteúdos representa uma possibilidade de a escola redimencionar a educação através da articulação de conhecimentos e conteúdos, os quais podem valorizar as múltiplas experiências dos educandos (Libâneo, 1985).

Uma metodologia de ensino voltada para a aprendizagem de novos saberes, deve envolver a reconstrução de novos conceitos através de um processo de reflexão-ação-reflexão. Isso significa que a supervisão escolar poderá contribuir com a gestão da educação, para que a escola possa acompanhar, avaliar e apoiar o Projeto Político-Pedagógico, pois conforme Polato (2010, p. 23), "A gestão da educação exige planejamento, estabelecimento de metas, manutenção de recursos e avaliação".

Como se pode perceber o supervisor escolar deverá articular de forma coesa a implementação de políticas públicas para garantir o sucesso da aprendizagem. Santos (2006) quando questiona sobre o lugar que a supervisão ocupa nos espaços escolares, defende que a supervisão representa uma das diversas possibilidades de articulação do coletivo escolar constituindo-se num processo dinâmico que qualifica tanto as relações pessoais quanto as ações pedagógicas dos educadores.

2.3 Papel do Supervisor Escolar para a melhoria da qualidade da educação

A escola é um espaço social que ainda necessita de grandes mudanças com a finalidade de cumprir o seu papel na sociedade, que é formar para a cidadania. A realidade educacional brasileira demonstra que a escola mesmo diante das transformações ocorridas com relação a sua estrutura e funcionamento, a maioria ainda encontra-se no plano de suas concepções teóricas e práticas alienadas a modelos pré-estabelecidos e, até mesmo a modelos estereotipados.

É fundamental entender que para a escola, transformar os modelos e concepções e, participar efetivamente do desenvolvimento de um trabalho pedagógico eficaz, precisa refletir sobre a concepção de educação estabelecida no seu Projeto Político-Pedagógico com a participação coletiva visando atender as novas exigências que a sociedade estabelece para as pessoas.

Muitos são os autores que com suas fundamentações teóricas contribuem para orientar e compreender o papel que o supervisor escolar deve desempenhar, entre eles é possível verificar que Ferreira (2007, p. 327) destaca que as transformações sociais e políticas remetem ao supervisor escolar o compromisso com a "formação humana" no processo educacional.

Libâneo (2002, p. 35) refere-se ao supervisor educacional como "um agente de mudanças, facilitador, mediador e interlocutor", um profissional capaz de fazer a articulação entre equipe diretiva, educadores, educandos e demais integrantes da comunidade escolar no sentido de colaborar no desenvolvimento individual, social, político e econômico e, principalmente na construção de uma cidadania ética e solidária.

A partir das reflexões de Libâneo (2002), é possível compreender que o supervisor necessita desenvolver dentro do espaço escolar uma visão crítica e construtiva do seu fazer pedagógico, trabalhando de forma coesa e articulada com os diretores escolares e coordenadores pedagógicos. Esta articulação possibilitará a melhoria da qualidade de ensino e da aprendizagem.

Acreditamos que se a escola almeja atingir bons resultados na aprendizagem dos educandos, necessita planejar, avaliar e aperfeiçoar suas ações pedagógicas, para que o processo educacional seja de qualidade. Estas ações são algumas das diversas funções do supervisor escolar, as quais devem garantir para a escola resultados positivos e mobilizar toda a comunidade escolar para participar ativamente na tomada de decisões referentes à organização do ensino no seu Projeto Político-Pedagógico.

Isso nos remete entender que o supervisor escolar deverá desenvolver seu fazer pedagógico objetivando o aperfeiçoamento dos educadores que atuam no espaço escolar, valorizando os diferentes saberes e as suas contribuições para o planejamento de ações pedagógicas, respeitando a personalidade de cada um. Isso exige do supervisor escolar uma constante avaliação do seu desempenho profissional, conduzindo-o a busca de uma formação continuada.

Outro fator importante com relação ao papel do supervisor está ligado à análise do planejamento do currículo escolar, sendo que este deve ser acompanhado desde a sua execução dando ênfase na avaliação contínua, isso reforça a necessidade, segundo Lück (2008, p. 20) na "somatória de esforços e ações desencadeadas com o sentido de promover a melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem".

Neste processo de promoção o supervisor deve conhecer o funcionamento da educação escolar, suas relações com o contexto histórico-social e o desenvolvimento humano, seus níveis e modalidades de ensino. Além disso, precisa conhecer também:

  • Os fundamentos teóricos que dão sustentabilidade no ensino e na aprendizagem;

  • os princípios e valores norteadores da prática pedagógica;

  • as normas e diretrizes que orientam todos os níveis e modalidades de ensino;

  • socializar e conduzir as práticas pedagógicas e as possíveis interferências no cotidiano escolar;

  • promover a autonomia da instituição escolar envolvendo a comunidade; priorizar pela formação continuada dos educadores valorizando-os através de um trabalho coletivo respeitando as especificidades pessoais de todos os participantes.

Fica evidente que muitas são as atribuições que o supervisor deve desempenhar para qualificar o trabalho pedagógico que desenvolve dentro da escola onde atua. Este desempenho se justifica através de ações motivadoras envolvendo o estímulo para que cada educador possa executar trabalhos com a colaboração das demais pessoas, os quais devem ser valorizados com objetividade, ética e diálogo.

O supervisor deve ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando ações capazes de responder as demandas sociais, culturais, econômicas e políticas que fazem parte de uma sociedade que está em constantes transformações.

Então, faz sentido considerar que o supervisor diante dessas transformações representa um dos principais responsáveis pela sobrevivência e sucesso das instituições de ensino, pois sua competência é desenvolver um trabalho pedagógico que visa o planejamento, a execução e a avaliação de toda a organização dos conhecimentos.

A educação é um processo contínuo e permanente que exige cada vez mais dos profissionais da educação um compromisso que atenda as exigências de uma sociedade que está evoluindo rapidamente em todos os setores. Isso representa a necessidade da implementação de uma postura renovada envolvendo todos que compõem a estrutura organizacional de um sistema educacional.

Sabe-se, no entanto, que o trabalho do supervisor depende do tipo de gestão que a equipe gestora implementa na instituição escolar, pois o sucesso da sua prática pedagógica depende da identificação dos diferentes interesses políticos que perpassam a organização do ensino. Diante disso, a eficácia do trabalho pedagógico do supervisor requer um compromisso de repensar formas de planejamento de ações e estratégias que irão contribuir de forma articulada com a realidade escolar tendo como premissa a nova visão de mundo e de sociedade contemporânea.

É por isso, que o supervisor deve trabalhar de forma articulada com toda a comunidade escolar para a construção de uma proposta coletiva de um Projeto Político-Pedagógico. É este projeto que poderá garantir a sobrevivência e o sucesso das instituições escolares.

Quando se fala de uma proposta coletiva na instituição escolar, entende-se que as pessoas que nela atuam constituem-se o princípio essencial de sua dinâmica, pois podem se posicionar de maneira cooperativa e diferenciada com as demais pessoas, com outras organizações e no ambiente educacional em geral.

A partir do exposto acima, constata-se que o todo processo administrativo possuí políticas que sustentam a gestão educacional através de um conjunto de atividades, ações e reestruturação de novos conceitos visando à implementação de mudanças na qualidade educacional.

Para implementar mudanças na educação, Guimarães (2010), nos sugere que este espaço que trata das questões educacionais precisa cultivar o respeito mútuo entre seus membros, fortalecendo a construção de regras de boa convivência entre as partes.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir deste estudo sobre o Projeto Político-Pedagógico e o papel que o supervisor escolar deve desempenhar para torná-lo efetivamente um instrumento de intenções e ações de qualidade no ensino e na aprendizagem, constata-se que essa maneira organizacional de reestruturar a educação possibilita para toda a comunidade escolar uma administração, supervisão e coordenação pedagógica ética, permitindo que todas as ações desenvolvidas pela escola sejam transparentes. Além disso, foi possível verificar que a organização do ensino deve ter como princípio a valorização da ética profissional através do qual possibilitará a concretização de novos saberes, ideias e metas garantindo assim, a participação efetiva e coletiva na tomada de decisões e planejamento de ações concretas que compreendem o Projeto Político-Pedagógico.

Portanto, diante da complexidade da sociedade, há muito por se fazer na educação para que ela seja humanizadora na transformação da realidade, pois ainda existe uma dicotomia entre os fundamentos teóricos e práticos que sustentam a prática pedagógica do supervisor escolar e demais profissionais que atuam na escola. Diante disso, acreditamos que isto implica mudar concepções e, principalmente mudar de paradigmas pré-estabelecidos para a educação. Esse talvez seja um dos inúmeros desafios que o supervisor escolar deverá enfrentar no cotidiano escolar, pois as pessoas pensam e agem diferentes, ocasionando, na maioria das vezes, disputa de poder, deixando a educação em segundo plano.

REFERÊNCIAS

CANDAU, Vera Maria. Magistério Construção Cotidiana (Org.). Universidade e formação de professores: que rumos tomar? Magistério: construção cotidiana. Petrópolis/RJ: Vozes, 1997.

FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Supervisão educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2007.

GUIMARAES, Maria Helena. É preciso cultivar o respeito no ambiente escolar. NOVA ESCOLA, Ano I, Nº 6, Fev/Mar, 2010.

LIBANEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

LIBANEO, José Carlos. Democratização da escola pública: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Loyola, 1985.

LÜCK, Heloísa. O caminho da gestão e a liderança escolar. GESTAO EM REDE, n. 85, mai. 2008.

POLATO, Amanda. Um trio coeso e bem articulado. Nova Escola. Ano I, n. 6, fev/mar, 2010.

SANTOS, Sandra J. Salvador dos. As interações entre supervisores e professores em escola da Rede Municipal de Ensino. Porto Alegre: Uniritter. Revista Educação e Cidadania, v. 08, 2006.

SILVA JR., Celestino A. Supervisão da educação: Do autoritarismo ingênuo à vontade coletiva. São Paulo: Loyola, 1985.



Autor:

Miguel Angelo Nunes Pinto

angelonunes[arroba]pop.com.br

Pós-graduando no curso de Supervisão Escolar da Faculdade FACEL.

Marcus Hübner

Artigo Científico apresentado como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Supervisão Escolar.

FACULDADE FACEL

CURSO DE PÓS-GRADUAÇAO EM SUPERVISAO ESCOLAR

Março de 2011



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