O presente estudo visa uma meditação em torno de circunstâncias que se depararam e continuam presentes na nossa prática cotidiana, mediante a ausência de uma ação mais comprometida com as questões sociais no sentido de edificar e ampliar conceitos, redimensionar a ação profissional, reavaliar a função da escola e repensar a participação familiar no dia-a-dia da mesma no que vibra ao aprendizado concretizado da cidadania.
As idéias aqui desenvolvidas apontam para a importância dos papéis da família, da escola, os quais tem se transformado ao longo das últimas décadas, a ponto de na atualidade serem co-autoras das decisões administrativas e pedagógicas das unidades escolares. Ao longo da história a família brasileira tem decorrido por profundas transformações. Fatores econômicos, sociais e culturais contribuíram de forma significativa para as alterações na estrutura familiar, uma vez que as famílias de hoje não mais possuem uma forte hierarquia, cujo controle era exercido pelo homem, em detrimento da mulher e dos filhos.
No Brasil Colônia, marcado pelo trabalho escravo e pela produção rural para a importação, identificamos um modelo de família tradicional, extensa e patriarcal, em que os casamentos baseavam-se em interesses econômicos e à mulher era reservada a castidade, fidelidade e a propagação dos filhos como forma de sua sobrevivência.
A instituição família é encontrada por estudiosas/os e pesquisadoras/os em praticamente todas as sociedades, alterando-se apenas a composição do arranjo familiar. É notória a predominância de o modelo nuclear (pai, mãe e filhas/os) nas sociedades ocidentais, na qual estamos inseridas/os. Este modelo está pautado numa lógica biologicista, cuja finalidade central seria a reprodução/procriação, e necessariamente só seria possível constituir-se família entre pares de sexo opostos (masculino/feminino), onde ambos possuem papéis diferentes no mobílio familiar pautados na divisão sexual do trabalho: onde o masculino possui o status das atividades públicas e de poder (como chefiá-la, principal função do patriarca); e o feminino deve estar condicionado ao espaço doméstico, ao cuidado e à afetividade. Estabelecida as diferenças de funções/papéis por sexo, ou seja, pelo aspecto biológico, instaura-se a hierarquia de gênero e prospectos para desigualdades sociais e violências.
Neste sentido, instituiu-se, então, a família nuclear pro criativa. Os elementos biológicos somados aos valores religiosos (visto que as sociedades ocidentais são marcadas pelas influências da moral judaico-cristã) definiram esta noção de família com uma verdade incontestável e universal.
Contudo, é importante reconhecer que, quando se elege um único modelo para qualquer que seja a situação, deixa-se de reconhecer à pluralidade a diversidade nas e das reações humanas, criando-se, assim, uma hierarquia, cujo topo é a família ideal (nuclear, economicamente estável, asséptica e feliz) e abaixo dele qualquer outro do tipo de arranjo familiar que não corresponda ao modelo universal da nuclear, como as famílias formadas por casais sem filhos; por pares homossexuais; por mulheres em atividade de chefia, entre outras.
É necessário que as famílias sejam ator principal no processo de constituição do Projeto Político Pedagógico e do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), bem como nas tomadas de decisões do cotidiano escolar. Para que isto aconteça é necessário promover a inter-relação entre família e escola por meio de um modo de organização que priorize a participação. Desta forma, a participação da família na Escola torna-se crucial para o desenvolvimento escolar do educando, pois o objetivo principal da Escola é criar um ambiente familiar, onde a comunidade escolar trabalhe de maneira que todos possam ser capazes de um ouvir o outro, dividindo tarefas, vivenciando e respeitando valores de maneira equilibrada entre os conhecimentos gerados pela família e os gerados pela Instituição Escolar.
CAPITULO I
Uma das tarefas da educação nas sociedades tem sido a de mostrar que os interesses individuais só se podem realizar plenamente através dos interesses sociais. Em outras palavras a educação ao socializar o indivíduo, mostra a este que sozinho, não poderá desenvolver o ser humano e sim só desenvolverá potencialidade em contato com outras pessoas, com o meio social. A coexistência no grupo por sua vez, só é possível se o indivíduo aceitar certas regras comuns a todos.
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