Sida e adolescência em Benguela



Partes: 1, 2, 3
  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Panorama social do SIDA em Benguela
  4. Voluntariedade da testagem
  5. Estigmatização dos seropositivos, tabus culturais e tradicionais
  6. Vias de transmissão do SIDA em Angola
  7. Adolescência e sexualidade em Benguela
  8. Adolescência e SIDA
  9. Conclusões
  10. Recomendações
  11. Bibliografia

RESUMO

A adolescência é uma etapa da vida muito importante do desenvolvimento. Se for ganho o terreno suficiente no plano da educação sexual durante essa etapa, o resultado seria de esperar no estágio juvenil. Não obstante até hoje não se conhece sobre elaboração de planos de acções ligados especificamente a atacar a situação do SIDA na adolescência, a partir de um estudo localizado em povoações e apoiado por alguma instituição especializada. Se forem empregues alguns recursos e princípios mais actuais da Direcção e Planificação estratégica, em combinação com métodos e técnicas sociológicas de investigação, para o diagnóstico e elaboração de um Plano de Acção dirigido a segmentos da população adolescente de Benguela, então ganharão em efectividade as organizações que assumirem a sua aplicação ao tempo que mudarão positivamente as atitudes do grupo etário de referência com respeito ao SIDA. Pelo tipo de actividade que realiza, mesmo que por estar endereçado à população de Benguela em geral, a ONG "Médico de Mundo" está em capacidade de assumir a proposta de Plano que agora se apresenta. Tal é o propósito mais importante da Tese que se apresenta.

Factores de carácter cultural e tradicional, a impossibilidade de dar um seguimento efectivo aos casos diagnosticados, o desconhecimento da agressividade do SIDA e do perigo real que representa, a falta de informação adequada da população, o princípio da voluntariedade, assim como as limitações de recursos no sistema angolano de saúde, figuram entre as causas mais importantes do estado da pandemia em Benguela, e das concepções que têm os adolescentes respeitante ao Sida. A estes factores se soma com caráter sobressaliente, a falta de unidade dos actores implicados na luta contra a doença.

INTRODUÇÃO

África e em particular a África sub-sahariana é segundo ONUSIDA, a região mais afectada pela epidemia do VIH/SIDA. No seu último informe, afirma que na actualidade mais de 29,4 milhões de africanos vivem com o vírus do VIH/SIDA. Durante o 2002 produziram-se 3,5 milhões de novas infecções, e sabe-se que a epidemia ceifou a vida de dois milhões quatrocentos mil africanos durante o passado ano.

Em África padecem a doença mais dez milhões de jovens (15-24 anos) e três milhões de crianças menores de 15 anos.

Em quanto estágio intermédio entre a criancice e a juventude, a adolescência é uma etapa da vida muito importante do desenvolvimento filogenético humano, não só desde o ponto de vista puramente biológico do homem, mas também desde o ponto de vista psicológico, da personalidade, e em geral da conduta, dos valores e da espiritualidade do individuo.

Por estas razões, se forem inculcados e devidamente assimilados valores elevados, hábitos adequados e normas de conduta positivas, é obvio que em etapas posteriores da vida poderão recolher-se frutos formosos e de qualidade indiscutível.

Existem alguns elementos, de maior importância, e são relativos à sexualidade. Na etapa da adolescência existem já manifestações e actividades sexuais, a adolescência é o momento inicial da sexualidade, a confissão de que órgãos os sexuais e as substâncias hormonais começam a actuar e a estimular a fisiologia.

A etapa de vida subsequente à adolescência, a juventude, é o estágio decisivo na reprodução humana. Resulta essencial a inferência de que se for ganho o terreno suficiente no plano da educação sexual durante a etapa adolescente, o resultado não se faria esperar mais tarde no estágio juvenil.

O aumento da urbanização, o impacto dos meios de comunicação massiva nos padrões de conduta, a maior fragilidade das estruturas familiares e muitos outros factores, têm influído sobre o comportamento sexual dos adolescentes. Os adolescentes que têm problemas de conduta e que começam a exibir comportamentos de risco, como actividade sexual com vários parceiros ou o uso de álcool e drogas em idades antecipadas, estão mais expostos a contrair a infecção pelo VIH.

Ainda quanto ao número de adolescentes infectados pelo VIH é muito menor do que o de adultos, peritos no tema sugere que a infecção pelo VIH neste grupo de idade pode converter-se num problema de grande magnitude num futuro próximo. Para além disso, os adolescentes infectados de hoje em poucos anos serão adultos infectados ou apresentarão as manifestações do SIDA. A infecção pelo VIH nos adolescentes, por outra parte, levanta uma série de problemas éticos e legais relacionados com o diagnóstico da infecção e a comunicação dos resultados aos seus paises (Pereira, 1996).

  • Cada ano ocorrem 111 milhões de casos novos de ITS curáveis entre os jovens de ambos os sexos menores de 25 anos de idade.
  • Mais da metade de todas as novas infecções por VIH mundialmente, quer dizer, mais de 7000 cada dia, ocorrem entre a juventude.
  • Os índices de abuso sexual reportados variam de 7 à 34% nas crianças femininas e de 3 à 29% em crianças masculinas.
  • Os 10% dos partos no mundo são de mães adolescentes. A taxa de mortes relacionadas com a gravidez e o parto é de 2 a 5 vezes mais alta entre as mulheres menores de 18 anos que entre as de 20 a 29 anos de idade.
  • Cada ano, a cifra de abortos a que se submetem as adolescentes alcança os 4.4 milhões, a maioria dos quais são praticados em condições de risco. Uma terceira parte das mulheres hospitalizadas por consequência de complicações relacionadas com o aborto são menores de 20 anos de idade.
  • Cada cinco minutos, uma pessoa jovem se suicida, muitas vezes devido a problemas emocionais e sociais relacionados com a saúde sexual e reprodutiva, inclusive o abuso físico, a violência sexual, as rupturas de relações íntimas, a dependência do álcool e as drogas, a gravidez não desejada, o aborto em condições de risco, as ITS/VIH e a ansiedade relacionada com sentimento de uma atracção física endereçada a membros do mesmo sexo (Ipas, 2002).

O flagelo do SIDA golpeia hoje cruelmente à população angolana, e de maneira algo mais agressiva aos benguelenses de tal sorte que os compreendidos nas idades entre os 10 e os 25 anos padecem a terrível doença em alarmante quantidade. Segundo o Instituto Nacional de estatísticas e o Ministério da Saúde em 2003 o grupo etário entre 10-14 anos e o de 15-24 anos representavam 18 e o 38 porcento, respectivamente, da população angolana com maior incidência de SIDA nas províncias de Benguela, Cabinda, Luanda.

Algumas causas estão incidindo nesta situação, as quais podem estar vinculadas aos problemas das relações sexuais antecipadas e da maternidade precoce, o que por sua vez devem ser atribuídas à falta de estímulos para a incorporação às escolas, às condições das escolas, a falta de emprego ou de poder aquisitivo adequado nos pais, como também à insuficiente campanha de educação pública, função dos meios de difusão massiva e de outras instituições, como de saúde, políticas, educacionais, etc., que resultam numa educação sexual deplorável.

Partes: 1, 2, 3

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