O objetivo principal deste trabalho é o de reconhecimento da diversidade étnica e cultural de um grupo de alunos de 9° do ensino fundamental de uma escola municipal da cidade de São Paulo. Situa-se no campo das Ciências Humanas, possuindo um caráter exploratório, caracterizado por um projeto de intervenção no campo da Educação em Direitos Humanos. A partir disso, percebemos que uma simples alteração na "forma escolar", dentro do ambiente restrito de uma sala de aula padronizada da escola, possibilitou a ampliação da rede de relações colaborativas entre os alunos.
PALAVRAS-CHAVE:
Direitos Humanos. Diversidade étnica e cultural. Intervenção na "forma escolar"
EPÍFRAFE
Vocês precisam aprender a escutar o vento e
ensinar seus filhos a amar a terra.
Cacique Marcos Terena, no discurso de inauguração do monumento
em homenagem ao índio Galdino Jesus dos Santos em Brasília.
INDICE DAS ABREVIATURAS E SIGLAS
EJA – EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS
EMEF – ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL
FAFE – FUNDAÇAO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇAO (DA
UNIVERSIDADE DE SAO PAULO)
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
PCNs – PARÃMETROS CURRICULARES NACIONAIS
UNESCO - ORGANIZAÇAO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇAO, A CIÊNCIA E A CULTURA
Nem todos os homens são felizes, mas todos têm direito a sê-lo. (KANT, 2004)
Ao olhar em nossa volta, no transcurso de nossas vidas, podemos observar pessoas tristes e desiludidas, e algumas vezes conseguimos entender a razão disso. Em uma viagem que fiz, acompanhada de minha filha a Manaus, visitamos uma tribo indígena na margem oposta do Rio Negro e durante algumas horas pudemos estar mais próximas de seu ambiente natural. Nesta condição particular, passamos de maioria ao papel de minoria, e observamos e escutamos o que eles tinham para dizer. Ao assistir o documentário "Índios no Brasil" (SEF/SEED/FUNDESCOLA, 2013) durante o Curso Educação em Direitos Humanos fez com que estas lembranças fossem reforçadas e as palavras que ouvimos ganharam eco, ganhando outro significado, me levando a aprofundar estudos que permitissem esclarecer a situação problemática em que vivem, tanto em seu ambiente natural quanto no ambiente urbano, e principalmente nas escolas, onde atuo profissionalmente. Nela, esta proposta se justifica pelo fato de que muitos conflitos surgem entre os alunos, quando deixam de reconhecer no colega, aluno de origem indígena, um sujeito de direitos, tanto no direito à Educação quanto à sua identidade étnico-cultural.
Alguns relatos, que refletem a ação dos professores empenhados em desenvolver uma cultura de Direitos Humanos perante suas turmas, já foram publicados e refletem o empenho da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo (CARBONARI et all, 2014).
Desta forma, a Educação em Direitos Humanos passa a ser a via de se oferecer igualdade de oportunidades pela educação, conforme defendeu Anísio Teixeira, em seu projeto para a Bahia: "Nascemos desiguais, nascemos ignorantes, e, portanto, nascemos escravos. É a educação que pode mudar". (TEIXEIRA, 1947 in BENEVIDES, 1998, p. 159) A citação de Anísio Teixeira nos remete diretamente ao período que se sucedeu ao final da Segunda Guerra Mundial, que tantas vidas havia ceifado e tantas marcas deixado pelo mundo antes em combate. O horror à guerra estava instaurado e se buscava ansiosamente o caminho da reconstrução dos países, alicerçados em princípios de coexistência pacífica e proteção dos direitos humanos. Em dezembro de 1948, em sessão realizada em Paris, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, pelo voto de 48 países, dentre eles o Brasil, que adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento válido e respeitado até os dias de hoje. Ela está expressa, nos Temas Transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), especialmente nos Temas: Ética, Pluralidade Cultural e Meio Ambiente. (MEC/SEF, 1998)
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