( O Caso do Projeto de Combate a Pobreza Rural no Estado do Piauí)
Parte dos problemas da situação da pobreza no meio rural piauiense está vinculada a problemas da capacitação. Os camponeses não sabem ler e escrever, alguns mal sabem riscar seu nome. As causas de esta situação remontam-se a educação básica, ela carece de infra-estrutura elementar, faltam meios didáticos, os professores são mal preparados e extremamente mal pagos. Os métodos e conteúdos respondem a realidades aléias e estão orientados a aprender coisas desvinculados de sua realidade e de suas necessidades.
Os programas de educação vigentes não tomam em conta o saber campesino, os valores associativos de solidariedade, costumes e crenças, vinculados a sobrevivência comunitária no meio tão hostil gerado pela seca. Todo o contrario, são desagregadoras, promovem valores urbanos como a competitividades o individualismo e a massificação do consumo de artigos e alimentos supérfluos e desnecessários.
O Projeto de Combate à Pobreza Rural – PCPR II, FASE II, tem que se desenvolver no cenário acima indicado e focalizar suas atividades de capacitação nos níveis da Associação Comunitária, Conselhos Municipais e a própria Unidade Técnica (inclui instituições vinculadas), tentando criar condições para empoderamento, inclusão social e a prática de lisura na implantação e desenvolvimento dos subprojetos, bem como, gerar a participação dos atores sociais, principalmente associações comunitárias, nas tomadas de decisões.
Adicionalmente, em concordância com a estratégia de intervenção do PCPR, o Plano de Capacitação tem a finalidade de estimular a reflexão e, sobretudo de operacionalizar as ações, visando desenvolver o associativismo, a participação da sociedade civil organizada nos assuntos do governo municipal, a solidariedade na prática social, e as parcerias como meio de integração de políticas de desenvolvimento local sustentável.
Este Plano se dirige a técnicos da UT, coordenações regionais do PCPR, agentes de desenvolvimento estadual e local, lideranças e membros dos conselhos municipais e associações comunitárias; tem o objetivo de subsidiar suas atividades durante a programação e execução especifica dos trabalhos seja como facilitadores ou como beneficiários nas atividades de capacitação, ou melhor dizendo, todos juntos na tarefa de construir o conhecimento.
1.1. Caracterização da Problemática
Segundo dados recentes do PNAD/IBGE (setembro 2007), um de cada oito jovens da região Nordeste é analfabeto. A taxa de analfabetismo de jovens de 15 a 29 anos no Nordeste é de 12,5%. No Piauí e no meio rural esta situação é mais dramática dada uma combinação de fatores altamente perniciosa.
O sistema educacional brasileiro foi construído, tardiamente, a partir da lógica da educação européia. Assim, a história revela que sempre houve um desinteresse dos poderes públicos por uma educação que forme cidadãos conscientes e críticos de sua realidade. A estrutura que foi sendo montada para a educação no país privilegiava os centros urbanos. Dessa forma, a educação do campo ficou à mercê dos interesses das elites agrárias, enquanto que os trabalhadores do campo iam sendo envolvidos numa cultura de submissão e dependência.
Estudos vários constatam que os modelo de ensino que vai para as escolas da zona rural, não têm uma proposta diferenciada para a pedagogia de ensino-aprendizagem que adotam. Nesse sentido, é visível o caráter controlador da educação quando não priorizam as necessidades reais do seu sujeito, ou, quando oculta essa realidade da sua prática cotidiana, passando a tratá-la como se não existisse, assim, nos lembra Moura (1999, p. 32) "os resultados dessas práticas não poderiam ser outros que não, obter-se, no máximo, adultos instrumentalizados para assinar o nome e quando muito registrar algumas letras e palavras soltas e sem significado para eles".
Quando os movimentos sociais do campo começam a despertar para uma forma de educar, entendendo a dívida educacional que o país tem para com a população campesina, surgem às novas alternativas para a educação do campo que levam em conta o contexto em que vivem os campesinos. Dessa luta, surgem os vários projetos que procuram incluir a cultura campesina nas discussões do sistema educacional do país, mais tarde estes projetos vão ser incorporam uma proposta de política pública.
O presente Projeto PCPR II, que se iniciará a partir de outubro de 2007 na sua segunda fase, teve problemas de desenvolvimento, na sua primeira fase e anteriores a ela, alguns de caráter estrutural e outros derivados da organização e gestão. Os Projetos de Combate a Pobreza Rural, tem encarado esses problemas em sucessivos desenhos e execução operacional, basicamente tendo em conta as ricas experiências ocorridas no Estado e no Nordeste com projetos similares, procurando seu aperfeiçoamento.
Via de regra os problemas que no inicio estavam principalmente referidos a questão de implantação de subprojetos, nestes momentos se mostram mais relevantes os problemas de gestão vinculados a garantir os resultados e impactos do Projeto, estes últimos junto a indicadores econômico e sociais tradicionais, de esta vez, com especial atenção para formação de capital social, empoderamento e inclusão no meio rural.
Por outro, os problemas no meio rural são propriamente de tipo educativos e também de saúde, ingressos e institucionais. Na prática todas elas estreitamente vinculadas y condicionadas mutuamente. Nesta analise colocamos a questão educativa como de interesse abrangente que permeia todos os aspectos da vida social, principalmente no âmbito do PCPR. Com esta ressalva, indicamos alguns problemas que o presente plano deverá ter como referencia, tanto para identificação das atividades de capacitação, bem como, para a elaboração dos conteúdos respectivos. A seguir, de forma resumida, alguns destes problemas, suas causas e conseqüências de não serem atendidos adequadamente:
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