O poeta potiguar João Felinto Neto publica em junho de 2003 seu primeiro livro, Cabaz - Com frutos do meu delírio, e em apenas dez anos de extrema dedicação à caneta, em Agosto de 2013 o Trigésimo nono livro, NEM MAIS UMA PALAVRA é publicado.Nascido aos 04 de outubro de 1966, em Apodi, Rio Grande do Norte, ingressa no serviço publico aos dezenove anos e aos vinte e cinco anos torna-se bacharel em Ciências Econômicas pela UERN. Casado, pai de dois filhos, somente aos trinta e quatro anos, começa escrever e catalogar poemas e crônicas. Até então seu mundo literário se resumia à leitura e ao pensamento.
No arrastar de minhas sandálias Pela casa, Tenho as lembranças arranhadas E esquecidas. Por onde andam as conversas conduzidas Pelos homens de fumaça?
Se desfizeram com o tempo, Nas costas de um tênue vento, Pela janela escancarada.
O velho barco na distância, ainda aguardaPela tripulação dispersa, Numa espera Que parece eternizada.
Em meio a tralhas, Depuseram suas velas. Em meio a elas, O seu capitão se apaga.
Sou do tamanho que posso,
Que não pode ser tão grande.
Sou às vezes, num instante,
Tão pequeno, tão remoto
Que me sinto um gigante.
Sou maior do que fui antes,
Infinitamente escasso.
Tão extremamente raro
Quanto vasto e abundante.
Sou gritante
Quando calo.
Sou silencioso e magro
Quando gordo e falante.
Sou um triste ocupante
De um espaço ainda vago.
Sou tão trágico
Quando sou comediante.
Os meus olhos pregadosno infinitocomo os pregos nas tábuascravejados,e de pontas viradas,redobrados,sustentados e fixosnuma curva.No aconchego da madeira macia,minhas costasnos ossos da baciaconsolam meu corpotão curvado.Pelo tempo que tenho acumulado,a ferrugem do mundome comeu,e a tampa que pregamme prendeupara sempre num rito consumado.Por debaixo da terracondenadoa ser parte da mesmae não ser eu.
Talvez minhas palavras sejam tolas,minhas ações, inconsequentes;as minhas brincadeiras, ironia;eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;minha seriedade, uma piada.O meu humor seja mau gosto;o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;a minha faina seja ociosa;meu pranto, uma lição jocosae o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;meus versos, um engodo imoral.Em epítome, sou um gracejo nefasto.Meu desejo, um esboço abnormal.
Só em letras imprimo minha alma.Mais do que texto sou contexto indecifrável.Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.Um sujeito indefinidoque é objeto de um errogramatical.Entre modos e tempos,triste verboque ecoa na forma nominal.Orações que são subordinadasaos meus vícios de linguagem.Um início em letras ordenadase um fimnuma expressão oral.
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