Conhecer a forma como o aluno constrói e adquire os conceitos, como utiliza os procedimentos, como resolve uma situação-problema, é mais importante do que apenas registrar se ele chegou ou não a uma resposta certa. Quando o aluno explica como fez, o que pensou, o professor tem uma excelente oportunidade para perceber as relações que o aluno faz as conclusões a que chega e, que quando ocorre o erro, ver exatamente em que situação se deu o "nó". (Bordeaux 2001, grifo nosso).
Ao se tratar de leitura, sabemos que a mesma ocupa um espaço importantíssimo não só no ensino da língua portuguesa, mas também no de todas as disciplinas que têm como finalidade a transmissão de cultura e de valores. O ato de ler é um processo de descoberta, pois leva o leitor a esferas mais amplas e profundas de percepção. De forma geral a leitura gera conhecimentos, propõe atitudes e analisa valores, estimulando os modos de perceber e sentir a vida por parte do leitor.
Há muito tempo, produção textual no contexto educacional do ensino regular era entendida por redação. Os professores entendiam, e faziam do ato de escrever simplesmente o ato de ditar. Nem se quer debatiam, exploravam, pesquisavam sobre o tema abordado para a produção textual. Frisavam apenas, para o "bom" ensino do português padrão somente as famosas "regras" gramaticais. O que fugia destas "regras" eram considerados, por eles, "erros", fazendo do ato da escrita puramente um ato de "derrota". Hoje, sabemos que estudar somente as regras gramaticais em aulas de língua portuguesa, é estudar os fósseis de nossa identidade. Onde caberia segundo essa concepção, a evolução da língua?
Mas essa realidade ainda existe no contexto escolar, educadores frisam somente a gramática como um caminho único e necessário, tanto para "falar e escrever" bem, quanto para a produção textual. Este caminho percorrido pelo processo ensino aprendizagem deve ser mudado.
A proposta: "Perspectivas de produção textual: trabalhando a cultura como "norma padrão" e práticas educativas do campo" pretende fazer alguns comentários necessários a um caminho digno à soluções de problemas - sair do tradicionalismo. Não pretendo esmiuçar o assunto, pois essas poucas páginas não dariam conta e nem mesmo caberiam. Mas que o pouco aqui argumentado sirva como reflexo, no sentido de dar vez e voz aos produtores de texto. Pretendo mostrar, a partir do tema abordado, que o entendimento do texto se dá em função de seu contexto. Para a produção textual o autor, ao escrever, tornar-se mestre e senhor de sua fala. Havendo, portanto, aí, "marcas" culturais, religiosas, políticas, que o interlocutor não deve desconsiderar e que muitas vezes passam por despercebido pelo leitor.
Ao produzir um texto os autores tem que ter objetivos para que o mesmo será útil. Segundo Geraldi (1993), para a elaboração de um texto o autor deve constituir condições indispensáveis, fazem-se necessários ficar atentos as seguintes recomendações:
tenha o que dizer;
tenha uma razão para dizer o que se tem para dizer;
tenha para quem dizer o que se tem para dizer;
O locutor se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz;
escolha as estratégias para realizar os itens acima citados.
Diante dessas condições, entende-se que o ato de escrever exige metas, objetivos e ações que concorrem para um profundo comprometimento do locutor que necessita estar voltado para que e para quem esteja escrevendo.
Sabemos que são poucos os alunos que amam o ato de ler e escrever. Talvez, pelo fato de sentirem medo, ou, fazem isso por obrigação, até mesmo por não ganharem nota. É sabido que a educação não é obrigação, não é prova, ao contrário: é prazer, é amor, é fenomenológica, ou seja: ela acontece. A tarefa principal do contexto escolar é e deve sempre ser a leitura. Tudo parte da leitura, só escreve bem, só aprende o aluno que lê.A leitura estimula o processo mental do leitor, contribui para a formação profissional, alimenta a sabedoria, é o alicerce do saber.
O motivo para o trabalho reside na necessidade de se estudar o papel da linguística na construção do sentido que permite o texto ser coerente ou não. Para tanto, far-se-á necessário, para a elaboração desta proposta, um reconhecimento teórico respaldado em Backtin, Carvalho, Orlandi, Kock, Marcuschi, Garcia, Schmidt, Costa Val, Kleiman, dentre outros autores.
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